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Na boca do povo
De mãos dadas com o Bradesco, OdontoPrev se fortalece e ganha fôlego para aumentar as vendas

, Na boca do povo, Capital AbertoA Odontoprev resolveu eliminar um de seus problemas pela raiz: em 2009, associou-se ao seu maior concorrente, a Bradesco Saúde, controladora indireta da Bradesco Dental. Na operação, passou a deter 56,5% do capital total da nova Odontoprev, cabendo ao Bradesco Saúde os 43,5% restantes. O negócio não poderia ser mais vantajoso. Com o auxílio da teia de agências do banco, a companhia poderá multiplicar a venda de seus planos de saúde dental. Hoje, o mais barato sai a R$ 13 por mês. “Ainda não temos um plano definido para a venda em agências, mas já iniciamos alguns projetos pilotos”, diz José Roberto Pacheco, diretor de relações com investidores (RI).

A operação inicia um novo ciclo na trajetória da Odontoprev. Segundo Pacheco, 2010 será um ano de digerir o negócio e aproveitar as sinergias. Não há, por ora, aquela sede de aquisições. O momento é de olhar para dentro. Se, de um lado, o banco ajuda a dar musculatura à empresa, de outro, reduz a agilidade que a OdontoPrev tinha antes da associação.

Fundada em 1987 por um grupo de dentistas — a maioria recém-formados —, a OdontoPrev teve a sorte de estar no lugar certo na hora certa. Com um plano de negócios bem elaborado, cresceu ao sabor das melhorias econômicas do País, que pôs mais dinheiro no bolso da classe média. Depois, foi abençoada por um dos melhores momentos do mercado de capitais brasileiro. Em dezembro de 2006, fez um IPO que levantou R$ 171 milhões. De carteira cheia, saiu rapidamente às compras. Criou estofo num segmento altamente capilarizado, formado por empresas de pequeno porte e, em geral, de controle familiar. Foram sete aquisições em um ano. “Para cada real aplicado na OdontoPrev, o investidor ganhou R$ 2,50. Do total que captamos, já ‘devolvemos’ R$ 500 milhões”, ressalta Pacheco, referindo-se ao pagamento de dividendos aos acionistas desde o début na bolsa de valores.

Daniel Gewehr, analista do Santander, acredita que a junção das duas empresas dará uma nova dinâmica ao mercado, uma vez que a Odontoprev não é o tipo de companhia que muda a sua estratégia de negócios porque o concorrente pôs o preço no chão. Hoje, o setor, regulado pela Agência Nacional de Saúde, reúne nove empresas de grande porte e encontra-se em plena expansão.

De mãos dadas com o Bradesco, a OdontoPrev também se blinda de uma eventual concorrência com players vindos de fora. O Brasil não tem restrição à entrada de grupos internacionais, com imposição de barreiras, nesse segmento. Mesmo assim, não houve o desembarque de capital estrangeiro — salvo a chegada da MetLife, em 2008, que, até agora, não deu grandes tacadas. A disputa se restringe a empresas nacionais. E o crescimento da freguesia é só uma questão de tempo, na visão da Odontoprev. No quarto trimestre de 2009, o número de associados cresceu 69,7% em comparação ao mesmo período do ano passado, um acréscimo de 1,71 milhão, do qual 1,46 milhão veio da Bradesco Dental.

A associação também fez com que a Odontoprev caísse nas graças de fundos internacionais. BlackRock, Fidelity, Allianz e Aberdeen são alguns exemplos de investidores que vêm abocanhando fatias da Odontoprev em bolsa de valores. Atualmente, eles detêm participações miúdas na companhia brasileira de plano de saúde bucal, que não chegam a 5%.

Essa confiança dos investidores internacionais, aliada à expectativa de crescimento da companhia — em 2009, a receita operacional líquida foi 19,2% superior à de 2008 —, dá lustro ao negócio da Odontoprev. De 30 de setembro de 2009 a 31 de março de 2010, as ações valorizaram-se 93,43%, ante 14,4% do Ibovespa no período. Nos seis meses anteriores a 19 de outubro de 2009, quando foi anunciada a associação, a cotação média dos papéis era R$ 30,85 por ação. Nos seis meses posteriores, pulou para R$ 58,64. O valor de mercado, em 2009, era de R$ 600 milhões. Agora, soma R$ 2,8 bilhões.

Contam a favor a capacidade da empresa — e do setor — de avançar mesmo quando o PIB do País não move um passo. “Num ano de crise, como 2009, a OdontoPrev cresceu 15%”, lembra Gewehr, do Santander, que recomenda a compra das ações. “É uma empresa líder, num setor que está em expansão e que exige investimentos muito baixos”, acrescenta. O setor de saúde bucal tem pouca penetração no Brasil: somente 6% da população (ou 13 milhões de pessoas). Nos Estados Unidos, apenas para comparar, a proporção é de 55% (ou 160 milhões de pessoas).

Além disso, alguns outros fatores impulsionam o crescimento do setor de planos odontológicos no Brasil, como o desequilíbrio estrutural entre oferta e demanda de serviços (milhares de profissionais se formam a cada ano, mas grande parte da população ainda não tem acesso ao dentista); a pequena e precária oferta de atendimento odontológico por parte do Estado; e a crescente penetração dos planos odontológicos nos pacotes de benefícios das empresas. Inicialmente restrito às grandes corporações, eles passam a ser oferecido em organizações de médio e pequeno porte.


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