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Governança global
Pesquisa da Unctad aponta semelhanças e diferenças entre práticas adotadas localmente.

A governança corporativa foi tema da 20ª reunião do Intergorvernamental Group of Experts on Accounting and Reporting-ISAR, realizada em Genebra de 29 de setembro a 2 de outubro e promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Trata-se de um grupo de especialistas em contabilidade que se dispõe a discutir durante três dias os mais inovadores temas que incorporam a globalidade das finanças e a melhor maneira de informar o público usuário dos relatórios gerados pela contabilidade.

No evento, Richard Frederick, consultor contratado pela United Nations Conference for Trade and Development (Unctad-ONU) para pesquisar a divulgação e prática da Governança Corporativa no Brasil, França, Kenia, Rússia e Estados Unidos, apresentou os resultados de seu trabalho, destacando as semelhanças e diferenças entre os países avaliados.

Em resumo, foram basicamente quatro as vertentes identificadas para as diferenças entre os níveis de governança nesses países. A estrutura de capital, o tamanho da economia e do mercado de capitais, as abordagens distintas no que se refere à regulamentação e a volatilidade dos mercados. Tais fatores exigem escalas diferentes de abertura de informação e de posicionamento dos agentes de interesse corporativo, o que implica práticas igualmente distintas de governança.

A pesquisa apontou também as similaridades entre os países. Após os escândalos financeiros originados no mercado americano, os quais interferiram nos mercados internacionais, ficou claro que nenhuma economia está imune aos prejuízos recíprocos, pois estamos interligados pelo comércio internacional e financeiro.

Reativamente, os órgãos reguladores vêm tentando estabilizar a percepção de risco de suas economias e das corporações aos olhos daqueles que detêm o capital necessário ao desenvolvimento econômico. A pesquisa destaca que é um consenso a prática de uma boa governança corporativa para a conquista de investimentos de longo prazo.

Outras similaridades observadas na pesquisa foram o fato de que a transparência ainda é um problema para o acionista controlador; o acesso à informação é restrito; a internet é amplamente utilizada para transparência de informação, mas não é considerada um meio de divulgação oficial; regras relativas à condução de reuniões em geral estão em estágio de aperfeiçoamento.

É particularmente fácil de se compreender que quanto maior a vocação dos gestores corporativos e das autoridades reguladoras para a prática de divulgar políticas de relacionamento com os acionistas e a comunidade relacionada (stakeholders), menores serão as restrições de fluxo de capitais tanto para as empresas quanto para as economias. Frederick destaca a importância de uma postura positiva na divulgação de informações e na transparência das companhias.

As corporações transnacionais tecem o pano de fundo do fenômeno da globalização econômica. Estágio de um processo de desenvolvimento econômico que o mundo contemporâneo tem o privilégio de vivenciar. A governança corporativa surge interferindo nesse processo como um vetor que incorpora uma universalização de procedimentos éticos e de conduta de gestão que pode ser reconhecida em qualquer economia ou sistema organizacional.

O Brasil contribuiu para os debates através de uma delegação de cinco profissionais, liderada pelo professor Nelson Carvalho, da Fipecafi Usp. O professor foi escolhido por unanimidade pelos participantes de outras delegações para presidir os trabalhos da mesa e coordenar as discussões. Essa foi sua quarta oportunidade de liderar a reunião.

Em meados do próximo ano, será a vez do Brasil receber delegações internacionais para um evento de grande importância para o desenvolvimento da governança corporativa no país.


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