Após subir mais de 50% no ano e atingir 56 mil pontos no fim de agosto, o índice Bovespa não só incorporou uma parcela considerável do cenário de recuperação da economia, como antecipou as estimativas de resultados crescentes das companhias abertas para os próximos trimestres. Para ilustrar o raciocínio, voltemos para agosto de 2008, quando a bolsa também estava oscilando em torno de 56 mil pontos. Naquele momento, o barril do petróleo estava cotado acima de US$ 100; a tonelada da celulose (fibra curta Foex) custava cerca de US$ 840; o minério de ferro da Vale era comercializado por mais de US$ 130 a tonelada; e a placa de aço oscilava entre US$ 900 e US$ 1.000 a tonelada no mercado internacional.
Encerramos o mês passado, no entanto, com números bem mais contidos. O barril do petróleo abaixo de US$ 70, a celulose próxima a US$ 550, o minério de ferro em torno de US$ 90, e a placa de aço a menos de US$ 450. Ou seja, o nível atual de preços das ações só se justifica com a continuidade da recuperação das cotações das principais commodities. Hoje, os quatro setores ilustrados acima (petróleo, papel e celulose, mineração, e siderurgia) representam quase a metade do peso teórico do Ibovespa.
Além disso, estamos com um preço/lucro médio projetado para 2009 de 17,8 para o universo de cobertura da Gradual (142 companhias abertas), acima da nossa média histórica. Adicionalmente, a retomada paulatina das ofertas públicas de ações sinaliza que muitos papéis já estão gravitando em torno dos seus preços justos e que a bolsa, efetivamente, não é mais a barganha do início deste ano. Logo, não há mais espaço no curto prazo para novos ralis de alta, como o vivenciado entre março e maio.
O fluxo de recursos estrangeiros, por outro lado, também tem ajudado a afastar um movimento de realização de lucros na Bovespa. Diante das baixíssimas taxas de juros praticadas nas economias desenvolvidas e do tímido crescimento projetado para os resultados corporativos no hemisfério norte nos próximos trimestres, o que se vê hoje é uma escassez de destinos para o capital externo.
Não há dúvidas de que a resiliência demonstrada pela economia brasileira durante a pior fase da crise financeira internacional e os sinais de recuperação antecipada do nosso nível de atividade ante outros países colocaram o Brasil em lugar de destaque aos olhos dos gestores de recursos estrangeiros. Esses investidores preferem comprar numa bolsa, hoje, relativamente “cara” a perder a oportunidade de usufruir de um novo ciclo de valorização das ações.
Mesmo na ausência de um grande potencial de valorização para o Ibovespa até o fim do ano, com nossa projeção de 62 mil pontos, o ganho embutido é bastante atraente quando confrontado com a projeção de remuneração da renda fixa. Não afastamos a possibilidade de algum movimento de realização de lucros no curto prazo, mas, assim como o upside encontra-se limitado, o downside para a bolsa brasileira também é pequeno, justamente em razão da perspectiva de continuidade da entrada de recursos estrangeiros no País.
A partir de 2010, contudo, vislumbramos um novo ciclo de crescimento para a economia brasileira. Inicialmente puxada pela retomada da demanda das commodities e pelo crescimento das exportações, ela passará a ser beneficiada por um círculo virtuoso, composto de baixa taxa de juros, forte expansão do crédito, fortalecimento do real e expansão da renda, com desdobramentos positivos no consumo interno.
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