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Velocidade de cruzeiro
Ação da Embraer pega carona no aumento da demanda americana por seus aviões

O Brasil parece ser bom em voar. Foi um brasileiro, Santos Dumont, quem começou essa história, e é uma brasileira, a Embraer, a atual terceira maior fabricante de aviões do mundo. Quando se fala de empresas brasileiras capazes de produzir tecnologia de ponta, dez entre dez analistas citam a Embraer. Mas não só eles. Neste ano, as americanas Republic Airways, United Airlines e SkyWest confirmaram a encomenda de 117 aviões modelo Embraer 175 (de 76 lugares), pelo montante de US$ 4,8 bilhões a preços de tabela. O mais recente acordo com a SkyWest pode chegar a 200 jatos. Esses contratos ajudaram a dissipar temores que havia no mercado em 2012, quando o valor total de pedidos da companhia chegou ao menor nível em seis anos. Entretanto, no primeiro trimestre de 2013, a carteira de pedidos totalizou US$ 13,3 bilhões.

Ser capaz de vender muitos aviões mudou bastante a percepção do mercado financeiro a respeito da companhia. Entre maio do ano passado e o dia 17 de junho deste ano, o valor das ações subiu 48,87%. Foi também na carona desse movimento que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s elevou o rating de BBB- para BBB. A S&P espera que “os pedidos continuem a crescer, ultrapassando a marca de US$ 14 bilhões ao final de 2013, enquanto a Embraer se beneficia das condições de mercado melhores, especialmente nos Estados Unidos”.

O preço-alvo da ação fixado para 12 meses prevê uma valorização de 28%, segundo Sandra Peres, analista-chefe da Coinvalores, que recomenda a compra, assim como o Bank of America Merrill Lynch. Os analistas do banco também estão otimistas e estimam que o “backlog” (pedidos em carteira com negócios na aviação comercial, executiva e defesa) da Embraer pode bater os US$ 16,1 bilhões — maior valor desde o quarto trimestre de 2009. Além do mercado americano aquecido para os jatos regionais, o banco enxerga um cenário positivo também na área de defesa, principalmente para o avião de carga KC-390, que pode receber mais US$ 4 bilhões em pedidos.

A Embraer está sendo beneficiada pela retomada das aquisições de aeronaves, sobretudo no mercado regional americano. Na venda de jatos comerciais de até 120 lugares, a empresa é líder de mercado, com mais de 40% de participação. E os analistas estimam uma demanda de 6,4 mil novas aeronaves desse tipo até 2030. “Mesmo na Europa, em recessão, a demanda nos voos regionais cresceu 5,6% neste ano”, acrescenta Sandra.

Para manter a liderança, a companhia anunciou recentemente que pretende investir US$ 1,7 bilhão, nos próximos oito anos, no desenvolvimento de sua segunda geração de jatos comerciais — com novos motores da Pratt & Whitney (o fornecedor atual é a GE), mais econômicos. Ainda assim, alguns analistas enxergam nuvens negras na rota atual da Embraer. Argumentam que a alta das ações teria deixado a empresa cara. “O mercado fica com o pé atrás, porque vai aumentar a concorrência e, especialmente, porque esses pedidos ainda não apareceram no balanço”, afirma Sandra. Eles só são contabilizados após a entrega.

De fato, a concorrência pode ficar mais apertada com os lançamentos da russa Sukhoi, da japonesa Mitsubishi Regional Jet e mesmo das versões menores da CSeries da eterna rival Bombardier. “Os principais riscos incluem […] o aumento da concorrência nos segmentos de aviões comerciais e de jatos executivos e a possibilidade de as empresas [compradoras] migrarem para jatos maiores [o forte da Bombardier]”, observam os analistas Stephen Trent, Juliana Navarro e Raian Santos, da Citi.

Os números do primeiro trimestre não foram brilhantes: a Embraer teve lucro líquido de R$ 61,7 milhões, queda de 67% frente ao mesmo período de 2012. Neste ano, conforme relatório do J. P. Morgan, a geração de caixa da companhia deve ser fraca pelo terceiro ano consecutivo — com pressão de preços mais forte no mercado de jatos executivos. De janeiro a março, a empresa entregou 17 aeronaves comerciais e 12 executivas (sendo oito jatos leves e quatro jatos grandes). Na comparação com igual período do ano passado, foram quatro aviões comerciais e um executivo a menos.

Para 2013, a empresa programou a entrega de 90 a 95 jatos comerciais, 80 a 90 jatos executivos leves e 20 a 25 jatos executivos grandes, o que deve gerar uma receita líquida entre US$ 5,9 a US$ 6,4 bilhões — crescimento de 3%, na melhor das hipóteses. A distância hoje existente entre pedidos confirmados e aviões entregues contribui para aumentar a cautela de algumas casas de análise, que enxergam um risco potencial no fato de as novas encomendas, em especial de jatos comerciais, estarem concentradas no mercado americano.

Deve-se avaliar, no entanto, a concentração por produto, e não por mercado, argumenta o vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores da Embraer, José Antonio Fillippo. Por esse viés, a origem das receitas está mais equilibrada. O segmento comercial, que respondia por 63% das receitas no ano passado, passou para 52% em 2013. A redução na fatia foi compensada pelo aumento da participação dos jatos executivos (de 20% para 25%) e de defesa e segurança (15% para 21%).

, Velocidade de cruzeiro, Capital Aberto


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