Na contramão da defasagem de IPOs, a emissão via Debt Capital Market (Mercado de Crédito) aumentou em 2023, segundo da dados da Anbima apresentados no XSummit, evento realizado pela Bloxs, plataforma especializada em operações de crédito privado. Dessas emissões, que incluem títulos como CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e debêntures, há uma parcela significativa de novas emissoras no mercado, segundo Felipe Souto, CEO e fundador da Bloxs.

“Em que pese não tenhamos dados oficiais, o nosso sentimento e o cruzamento de dados apresentam que, dessas emissões, temos uma boa parcela, e uma parcela crescente, de novos emissores, novas empresas que nunca acessaram o mercado e que agora estão tendo a oportunidade”, diz Souto.

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Souto pondera que, ainda que o volume, o recurso, a liquidez e o acesso tenham possibilitado que novas empresas acessem o mercado de capitais, o processo ainda é analógico e burocrático.

“É difícil compreender o funcionamento do mercado para um empresário de sucesso que está lá no Nordeste, no interior da Bahia, em Feira de Santana, em Vitória da Conquista, e possui um loteamento, por exemplo, ou incorporação vertical, ou que está no Mato Grosso atuando no agronegócio, muitas vezes com alto faturamento anual na pessoa física. Vocês sabem que isso é comum para o produtor rural individual. Trazer esse profissional, esse player para o mercado de capitais é, eu diria, o grande desafio de todos nós que atuamos profissionalmente no mercado”, comenta o CEO da Bloxs.

DREX impacta positivamente FIDC

O novo projeto do Banco Central, o DREX, ainda está em fase piloto, mas pode ter um grande potencial para o mercado de capitais. A proposta é que a estrutura diminua o custo de manutenção dos contratos com a abertura de possibilidades para pequenas e médias empresas concorrerem nesse mercado.

“A gente estima que vai baixar muito o custo fixo da formação dos FIDCs. Hoje, é necessária uma captação de R$ 20 milhões a R$ 50 milhões para que um FIDC seja viável, para ser produzido e colocado no mercado. E a avaliação inicial é que esses custos baixariam em uma ordem de magnitude para ele ser viável com o DREX”, enfatizou Alessandro Fraga, especialista em Infraestrutura Financeira no Banco Central.

“A iniciativa do DREX busca construir uma infraestrutura eficiente, segura, programável, que permita que as entidades do mercado concorram em igualdade de condição e coloque suas ideias de serviços para o sistema financeiro e para o mercado de capitais”, disse Fraga.

Além disso, representa uma maneira de não depender tanto de um investidor institucional para viabilizar as captações. Para eles, para melhorar a regulação do mercado, é preciso entender como os reguladores e os investidores irão se comportar.

Para Rodrigo Moreira, diretor executivo de Produtos, Operações e Segmento Empresas da BS2, o projeto tem competência para promover mudanças significativas. “Acredito que, de fato, tem o potencial de acontecer uma transformação, uma mudança, tem o potencial, de fato, de ampliar as alternativas hoje existentes, em especial as que envolvem tokenização, mas isso vai depender bastante de outros fatores no entorno da própria moeda digital e da capacidade de você tokenizar ativos”, afirma Moreira.