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Brincadeira lucrativa
Cesar Par aposta na exportação dos jogos da Joy Street para elevar receita da companhia. Meta é chegar a R$ 100 milhões em quatro anos

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Corria o ano de 2008, em Pernambuco. O governo do estado estava preocupado com a situação da educação nas escolas estaduais. A evasão de crianças e adolescentes era crescente, com muitas delas abandonando as salas de aulas para se divertir em lan houses. Diante desse cenário, a secretaria de Educação resolveu inovar. Foi atrás de empresas incubadas no Porto Digital, um espaço criado pelo governo local em 2000 para estimular a inovação, e propôs o desenvolvimento de uma Olimpíada de Jogos Eletrônicos no Estado. A ideia era criar uma plataforma digital que estimulasse os jovens a aprenderem brincando.

Nascia assim, em 2008, a Joy Street, formada pela união de três empresas nascentes do Porto Digital — Jynx, Meantime e Manifesto — e com a participação de 16% da Cesar Par, empresa responsável pela administração das participações societárias adquiridas pelo Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.), centro privado de inovação voltado à criação de produtos, serviços e empresas na capital pernambucana. À Joy Street coube desenvolver a Olimpíada de Jogos, um game educativo em que, para passar de fase, o estudante precisa responder a perguntas de matemática, português ou história, formuladas no padrão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A proposta de aprender brincando se revelou um sucesso. Em 2008, primeiro ano de operação, a receita da Joy Street foi de R$ 1,7 milhão. Em 2009, R$ 5 milhões. Em 2010, R$ 7 milhões. E, em 2011, R$ 11 milhões. Em quatro anos, a expectativa da companhia é atingir uma receita de R$ 100 milhões. Os números são supreendentes para uma empresa que começou com apenas 14 funcionários. Hoje são 50, além de uma equipe de 14 professores que atuam como consultores e buscam traçar as estratégias da Joy Street no médio e longo prazos. “Desde o início, a Joy Street era diferente. Por ter uma forte interação tanto com o governo de Pernambuco quanto com o meio acadêmico, possuía uma gestão estruturada”, diz Guilherme Cavalcanti, diretor da Cesar Par.

Além de rodar os games, os softwares da Joy criam uma base de dados que expõe as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos em cada disciplina. “As informações permitem que os investimentos dos estados na educação sejam mais precisos”, observa o diretor da Joy Street, Fred Vasconcelos. Segundo ele, há a possibilidade de mais oito estados terem os jogos educacionais da empresa. “Estamos negociando um contrato no Brasil que, sozinho, vale R$ 20 milhões”, ressalta. No momento, além de Pernambuco, a empresa comercializa seus games em escolas estaduais do Acre e do Rio de Janeiro.

A Joy Street também visa a avançar em outra frente: a de jogos para o ensino técnico. A proposta é desenvolver um game capaz de fazer um soldador, por exemplo, aprender sobre seu trabalho respondendo a perguntas a respeito de saúde e segurança.

Os primeiros jogos devem ficar prontos este ano e já há uma empresa interessada em adquiri-lo, afirma Vasconcelos. As novidades são fundamentais para o diretor realizar seu grande sonho: transformar a Joy Street na primeira startup brasileira a faturar acima de R$ 1 bilhão e chegar à Bolsa. Essa poderia, inclusive, ser uma porta de saída para o fundo da Cesar Par. Cavalcanti, no entanto, prefere não falar em desinvestimento. “Há ainda muitas oportunidades pela frente, e muita receita a ser gerada”, comenta o gestor.

Cavalcanti conta que está em negociações com investidores da Califórnia sobre uma eventual participação no capital da empresa. O ingresso permitiria à Joy Street internacionalizar suas operações e vender jogos para países da América Latina ou Índia, que enfrentam problemas educacionais semelhantes aos do Brasil. Não há uma meta definida de quanto as exportações poderiam representar da receita, mas Vasconcelos está animado. Em 2001, foi ao Vale do Silício para mostrar a empresa, o desenvolvimento de games e seu mercado em potencial.

A Cesar Par tem atualmente quatro investidas. Todas atuam no setor de software e têm alguma ligação com o C.E.S.A.R. “Esse não é um pré-requisito. Podemos olhar negócios em outros locais, mas há ótimas oportunidades no Recife”, avalia Cavalcanti. Na maioria dos casos, o fundo detém participação minoritária nas companhias em que investe, geralmente entre 15% a 40%, mas essa fatia pode variar. Na Silicon Reach, empresa que fabrica chips para eficiência energética, a Cesar Par aportou 100% dos recursos no início da operação e, posteriormente, foi diluindo a participação até alcançar os atuais 35%. O foco da Cesar Par são empresas de ponta na área de tecnologia de informação. Do total de 30 projetos incubados em que investiu ao longo de 14 anos, dez deram prejuízos, dez devolveram o valor investido, e somente um terço proporcionou retornos significativos — alguns excepcionais, como de 40 vezes o aporte inicial.


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