Em 2009, a OdontoPrev já esteve presente nesta publicação, exatamente na mesma colocação que conquista este ano: a primeira na categoria de empresas com valor de mercado até R$ 5 bilhões. Para ganhar a medalha de ouro, a maior operadora de planos odontológicos da América Latina teve de superar outras 27 companhias. Tarefa difícil, mas totalmente possível para quem vem crescendo a taxas extraordinárias. Apenas no quarto trimestre de 2010, o lucro líquido ajustado da OdontoPrev foi de R$ 45,6 milhões, 216,3% superior ao de igual período do ano passado. Na mesma base de comparação, a receita operacional líquida totalizou R$ 186,8 milhões, alta de 84,6%.

Para quem não se lembra, a OdontoPrev estreou no Novo Mercado da BM&FBovespa em 2006, quando levantou R$ 176 milhões em uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O valor possibilitou a compra de concorrentes e, depois, a fusão com o Bradesco Saúde no fim de 2009, motor de seu crescimento nos últimos anos. No critério valor econômico adicionado (EVA, na sigla em inglês), estimativa de lucro econômico depois de subtraídas todas as despesas operacionais, inclusive o custo do capital empregado na operação, a OdontoPrev recebeu nota 6. Entre 2009 e 2010, conseguiu gerar uma melhoria de EVA de R$ 7 milhões. A expectativa do mercado é que a consolidação da união com o Bradesco impulsione ainda mais esse indicador. Hoje, a OdontoPrev supera os 5,2 milhões de beneficiários, com uma rede credenciada de 25 mil cirurgiões-dentistas. A sua maior concorrente, a Amil, atende 1,31 milhão de pessoas.

Além de ser um canal importantíssimo de venda, as agências do Bradesco (são 5 mil espalhadas pelo Brasil) ampliam a capacidade da OdontoPrev de atender pessoas físicas. Atualmente, o foco da empresa é concentrado basicamente na freguesia corporativa, que oferece planos odontológicos aos seus funcionários. “A fusão foi uma grande tacada”, diz o presidente da OdontoPrev, Randal Zanetti. “Mas ainda estamos na fase da integração, que é difícil”, reconhece.

Os anos de 2010 e 2011 foram dedicados a “olhar para dentro”, digerir o negócio e aproveitar, ao máximo, as sinergias. Até porque o Bradesco reforça a musculatura da empresa, mas, por outro lado, reduz a agilidade que a OdontoPrev tinha anteriormente. “Fazer com que os sistemas (de operação) conversem e, principalmente, se entendam é um processo demorado e que precisa ser entendido, para depois montarmos um plano de vendas voltado às pessoas físicas”, explica Zanetti.

O cuidado em buscar sempre as melhores práticas de gestão fica evidente na nota 10 de governança corporativa obtida por essa companhia fundada em 1987. “Para nós é um orgulho manter a excelência, mesmo após o processo de fusão (com o Bradesco) e tantas aquisições”, afirma Zanetti. Além de cumprir com regras de transparência e proteção aos acionistas minoritários exigidas pelo seu segmento de listagem na Bolsa, a OdontoPrev sempre tenta trazer um ingrediente novo ao seu cardápio de governança e relacionamento com os investidores. Uma das novidades foi se reunir com analistas antes do quiet period, fase que precede a divulgação dos resultados e na qual a maioria das companhias se cala. A ideia é alinhar as expectativas dos analistas antes da publicação dos balanços e, com isso, atenuar eventuais distorções nas previsões feitas por eles.

Apenas no quarto trimestre de 2010, o lucro líquido da OdontoPrev saltou 216,3%

Segundo José Roberto Pacheco, diretor financeiro e de relações com investidores (RI) da OdontoPrev, os itens que costumam gerar mais ruídos são os relacionados a crescimento e margem de resultado. “Prestar esclarecimentos e fornecer informações é fundamental nessas horas”, ressalta ele. Entre 31 de maio 2010 e 31 de maio de 2011, período avaliado pelo prêmio, o retorno total (incluindo proventos) da ação menos o custo de capital do acionista (TSR-Ke) chegou a 106,07%. Desde seu IPO, a empresa já distribuiu aos acionistas (via dividendos ou juros sobre o capital próprio) R$ 630 milhões. O resultado foi uma nota 9 nesse critério, acima da mediana 5,5 da categoria.

Apesar de não ter marcado pontos no item sustentabilidade, porque está fora do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da BM&FBovespa, a OdontoPrev possui diversas ações para incorporar critérios de responsabilidade social e ambiental na gestão estratégica do negócio. Em parceria com o Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP) desenvolve, por exemplo, um projeto de reciclagem de mercúrio e prata. Fornece recursos financeiros para a aquisição de equipamentos do laboratório de resíduos químicos, mantém suas instalações e financia bolsas de iniciação científica em pesquisas para esse fim. Toda a rede credenciada da companhia é convidada a participar desse projeto.