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Baixa para a “dona” do papel
Prejudicada pela queda na demanda e nos preços internacionais, Klabin terceiriza plantio de florestas para reduzir custos e proteger o caixa

“Underperform” e “outperform”. Essas duas palavras aparecem destacadas em recentes relatórios dos bancos de investimento do Santander e do Bradesco. Uma é o inverso da outra, mas os analistas teceram suas projeções para a mesma empresa: a Klabin, maior fabricante brasileira de papel para embalagem. Enquanto o especialista do banco espanhol, Felipe Reis, baixa as expectativas em relação ao desempenho da companhia; o do banco brasileiro, Raphael Biderman, vê o contrário. Para Reis, o valor dos papéis da companhia vai oscilar entre R$ 3,50 e R$ 3,70. Já para Biderman, baterá em R$ 4,70.

Diferentemente dos analistas, que acompanham empresas e a partir dos seus resultados recomendam, ou não, a compra das suas ações, esta coluna não faz diagnóstico futuro. Mas nasceu — e vive — para saber quais razões fizeram com que os papéis de uma companhia caíssem ou subissem bem mais que o mercado nos últimos seis meses. No caso da Klabin, os especialistas no setor de papel e celulose são enfáticos em dizer que o principal motivo para a queda nas ações foi a crise global. Mas também pesa contra a fabricante centenária a sua própria estrutura e seu estilo de gestão — ambos considerados pouco arrojados.

O volume de vendas da companhia caiu 8% no primeiro trimestre em comparação com igual período do ano anterior, para 350 mil toneladas. Isoladamente, o de papel “kraftline”, usado na fabricação de papelão ondulado e em embalagens, despencou 25%. Se o bolso do consumidor aperta, ele logo para de comprar bens duráveis — geladeira, fogão ou móveis e segura até na alimentação. Tudo, ou pelo menos boa parte, embalado em papel e papelão.

A menor demanda, a queda dos preços internacionais e a restrição ao crédito foram ingredientes mais que suficientes para impactar o resultado da companhia. Apesar de ainda surfar no azul e reverter o prejuízo do quarto trimestre de 2008, o lucro líquido apurado nos três primeiros meses do ano recuou 58%, para R$ 29 milhões, ante o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e março, a receita líquida da companhia caiu 3%, somando R$ 722 milhões. A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) também se curvou, registrando queda de 6% (R$ 180 milhões).

“Havia um ambiente de incerteza e tomamos medidas para reduzir as despesas e proteger o caixa”, diz Reinoldo Poernbacher, diretor geral da empresa. A saída, anunciada em maio, foi reduzir consideravelmente os investimentos, que recuaram de R$ 190 milhões no começo de 2008 para
R$ 83 milhões em 2009. Ao mesmo tempo, a companhia de origem e ainda sob o controle familiar decidiu ceifar, pela metade, o plantio de florestas previsto para o ano, de 22,3 mil para 12 mil hectares. A empresa fez as contas e acredita que, com isso, consiga diminuir os custos operacionais. Até porque, a sua tática, agora, é aumentar a participação do plantio terceirizado, hoje na casa dos 18%, para 50% do total previsto para este ano.

A vantagem é que, nesse tipo de operação, a Klabin tem o plantio financiado pelo produtor e, em troca, se compromete em comprar a produção.

O sistema se assemelha, de alguma forma, com a conhecida produção integrada de aves e suínos, praticada há anos no oeste de Santa Catarina pelos grandes frigoríficos, como a Sadia e a Perdigão. A previsão é de que a estratégia permita uma economia de R$ 50 milhões neste ano. Além de proteger o caixa, a empresa antecipou a parada anual de algumas de suas fábricas, uma vez que a demanda ainda está fraca. Assim, pode estar preparada para quando a economia se reaquecer.

Reis, do Santander, não vê potencial de retomada para a Klabin no curto prazo, salvo se houver uma revisão de expansão do PIB nacional. A razão: a companhia tem pouco poder de negociação de preços e baixo volume de exportações. Além disso, as vendas externas não estão favorecidas, pois o seu principal produto (kraftline), que responde por 30% das vendas líquidas, já teve uma queda de 20% nos preços (em dólar).

Mais otimista, Biderman, do Bradesco, aposta no crescimento da venda de matéria-prima da Klabin (cardboard) usada em embalagens TetraPak. Os motivos se baseiam nas declarações de Reinoldo Poernbacher de que a crise leiteira na China — motivada pela contaminação nos leites produzidos lá — já passou e que a queda nas vendas, de 40%, está praticamente revertida. Embora sejam pouco comum nos Estados Unidos e na Europa, as embalagens TetraPak (uma patente mundial da fabricante TetraPak) crescem aceleradamente em países emergentes. E, globalmente, a Klabin é uma das maiores fornecedores da TetraPak.

O analista ressalta, ainda, que a companhia está negociando a venda desse produto para uma grande fabricante norte-americana de bebidas, cujo nome o diretor geral da Klabin mantém sob sigilo absoluto. Outro ponto que chama a atenção, segundo Biderman, é a investida num novo equipamento que permitirá à companhia entrar no mercado da Suzano de embalagens para sabão e medicamentos.

, Baixa para a “dona” do papel, Capital Aberto


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