A paisagem apinhada de gruas e torres em construção que se vê nas grandes cidades de todo o Brasil sinaliza o momento vigoroso da construção civil. Quarta maior empresa imobiliária do País em receita, a Brookfield é uma das incorporadoras que lideram a expansão do setor, com faturamento e lucros que lhe asseguram, pela segunda vez, a medalha de bronze no prêmio As Melhores Companhias para os Acionistas, na categoria valor de mercado de até US$ 5 bilhões.
A incorporadora nasceu de uma associação entre a Brascan Residential, a Company e a MB Engenharia. Este ano, recebeu nota 7 no item valor econômico adicionado (EVA, na sigla em inglês), estimativa do lucro econômico após a subtração do custo de oportunidade do capital empregado no negócio — um ponto a menos que o registrado em 2010, mas ainda bem superior à nota obtida pelas demais companhias na sua faixa de valor de mercado (a mediana da categoria nesse critério foi de 5,5). Já o critério que mede o retorno total dos papéis da Brookfield, menos o custo de capital do acionista (TSR-Ke), mereceu nota 8, abaixo dos 9 de 2010, porém, mais uma vez, bem acima da mediana 5,5 da categoria. A dança dos números revela que o cenário econômico de 2011 não foi tão azul quanto o do ano anterior para a incorporadora. Mesmo assim, seus resultados continuaram em alta. No último balanço divulgado pela companhia, do segundo trimestre de 2011, foram exibidos um faturamento líquido de R$ 880 milhões e um lucro líquido de R$ 78 milhões, ambos com expansão de 20% e 27%, respectivamente, sobre igual período de 2010.
Segundo Nicholas Reade, presidente da Brookfield, a empresa continuará apresentando números positivos nos próximos trimestres.”Vamos entregar muitos imóveis até o fim deste ano e registrar fortes receitas, fruto da entrega das chaves. Também há uma agenda de lançamentos em ritmo acelerado em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, o que manterá nossos resultados em crescimento.”
A previsão de que o setor sofrerá uma desaceleração no médio prazo não assusta Reade. Ele mesmo admite que 2012 e 2013 podem ser anos difíceis. “O segmento viveu um boom de crescimento e valorização muito forte, mas já há escassez de terrenos, mão de obra e, mais recentemente, de crédito para sustentar o ritmo de expansão ao longo dos próximos anos”, diz. O executivo descarta, contudo, o risco de uma interrupção abrupta de negócios no setor, como aconteceu em 2008 nos Estados Unidos. “São realidades muito distintas. No Brasil, o crédito imobiliário é pequeno ainda (5% do PIB, conforme o Banco Central) e inviabiliza uma onda especulativa como a de que foi vítima o mercado americano há três anos.”
Estudos setoriais, de acordo com Reade, apontam que o arrefecimento do ritmo de lançamentos em regiões metropolitanas do Sudeste será compensado pelo crescimento no Distrito Federal e nas capitais nordestinas. “O déficit habitacional brasileiro, estimado em mais de 7 milhões de moradias, ainda é enorme. Há muito mercado para as incorporadoras explorarem.”
Marcello Milman, analista do banco BTG Pactual, acredita que as empresas que compõem o índice imobiliário da BM&FBovespa foram excessivamente castigadas no primeiro semestre deste ano, em razão das notícias de arrocho no crédito e do desaquecimento do setor. Entretanto, com os recentes movimentos de corte na taxa básica de juros pelo Banco Central, deve voltar a existir maior interesse dos consumidores em destinar sua poupança à aquisição da casa própria. O BTG manteve recomendação de compra para os papéis ordinários da Brookfield, após a divulgação dos resultados trimestrais da empresa, no fim de agosto.
Queda de lançamentos no Sudeste será compensada pelo crescimento no Distrito Federal e nas capitais nordestinas
Dentre os aspectos que levam os analistas a recomendarem as ações da Brookfield estão sua menor exposição ao setor de baixa renda — sensível aos humores políticos de aumento ou não do investimento no programa Minha Casa, Minha Vida — sua atuação em mercados em ascensão, como o Nordeste, o Paraná e o Distrito Federal; e a posição de destaque na construção de imóveis para uso empresarial. Esse mix, apontam os analistas, deve dar mais fôlego para a Brookfield.
Na seção governança corporativa do prêmio, a incorporadora registrou nota ligeiramente mais baixa que em 2010 (8,26 ante 8,65) e pouco acima da mediana (7,93). A Brookfield perdeu pontos por não divulgar a remuneração de seus executivos e conselheiros e não publicar, em detalhes, sua política de dividendos. A incorporadora também não pontuou em sustentabilidade por não integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da BM&FBovespa. “Temos uma preocupação permanente com o tema e, no momento, avaliamos as melhores formas de tornar a companhia mais verde”, afirma Reade.
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