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A força dos X
Apesar da decepcionante estreia da OSX na Bolsa, o poderoso sistema solar montado por Eike Batista não para de brilhar

, A força dos X, Capital Aberto

Vindo de alguém acostumado a façanhas, chega a surpreender. A OSX desapontou na sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), 12 dias depois de seu criador, Eike Batista, ser coroado como o oitavo homem mais rico do planeta no ranking da revista Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 27 bilhões. Enquanto os planos otimistas de Eike projetavam uma captação de mais de R$ 9 bilhões, o dinheiro levantado na oferta primária para tocar os projetos da companhia de estaleiros e serviços navais não alcançou um terço disso: R$ 2,45 bilhões. Em 25 de março, os papéis acumulavam desvalorização de 10% desde o IPO. O desempenho ruim reflete o comedimento que toma conta do mercado de capitais, escaldado na última grande crise financeira.

, A força dos X, Capital AbertoEspecialistas atribuem parte da fragilidade da OSX também ao já grande número de empresas da holding listadas em bolsa. A explicação é que MMX, MPX, LLX e OGX, todas relacionadas ao setor de infraestrutura e interligadas, acabam compartilhando em excesso seus riscos. “Com o grosso de sua demanda contratado pela OGX, a OSX fica muito dependente dos resultados da petrolífera. Se esta for bem, tudo serão flores, mas se for mal, a OSX cairá muito”, explica um analista que não quis ser identificado.

O pé atrás pode ser um sinal de saturação dos papéis X, nos quais as apostas são bastante elevadas. Investidores foram capazes de pagar mais de R$ 9,8 bilhões na soma das aberturas de capital das outras empresas do grupo. A escalada das cotações em bolsa também ratifica esse entusiasmo, mesmo que algumas das companhias ainda não gerem um centavo de receita operacional. Quase todas as empresas de Eike que fizeram IPOs antes da OSX oscilaram positivamente desde a estreia na BM&FBovespa. Não é por falta de exemplos nas empresas irmãs, portanto, que a mais nova criação de Eike vai deixar de brilhar. Vejamos, a seguir, o que aconteceu com cada uma delas.

exemplo de resistência — A que mais se valorizou foi a MMX. Desde seu IPO, em julho de 2006, a mineradora ficou 290% mais cara, indo de R$ 3,53 a R$ 13,78 (cotação em 17 de março). Nela, estão refletidas as boas perspectivas para o preço do minério de ferro, puxado pelo crescimento chinês. Depois de um 2009 marcado pela baixa demanda — quando a tonelada de ferro chegou à cotação de US$ 59,1 —, o ano de 2010 segue com bons presságios para a cotação da commodity metálica. Em março, a tonelada estava precificada a US$ 133. “Para o resto do ano, a expectativa é que o preço do minério suba mais de 60%, atingindo o seu nível máximo histórico”, acredita Marcos Assumpção, analista da Itaú Corretora.

A empresa, que iniciou suas operações em 2005, fechou o ano passado com prejuízo líquido de R$ 214,1 milhões, decorrente, principalmente, da queda de 45% na receita operacional — de R$ 696 milhões para R$ 386 milhões. Durante a crise financeira, por causa da redução da demanda internacional por minério de ferro, o sistema Corumbá, em Mato Grosso do Sul, paralisou sua produção de dezembro de 2008 a maio de 2009, e o sistema Sudeste não operou em sua plena capacidade. Apesar dos resultados ruins, as ações da MMX não foram afetadas. “Os investidores estão focados na expansão da capacidade e na possibilidade de a empresa gerar valor nos seus projetos futuros”, analisa Assumpção. Uma das principais cartadas da mineradora de Eike foi o negócio fechado com a Wuhan Iron and Steel Co. (Wisco), terceira maior siderúrgica chinesa. A Wisco subscreveu, em fevereiro, 101,7 milhões de novas ações, atingindo 21,52% do capital social da MMX.

Com US$ 738 milhões fresquinhos no caixa, a empresa buscará solucionar um de seus pontos negativos: o alto endividamento. No fim de 2009, a dívida líquida da companhia estava em R$ 1,3 bilhão. Desde 2007, foram gastos quase US$ 600 milhões com aquisições de direitos minerários, que garantem a possibilidade de exploração de determinada região. A combinação desses gastos com resultados fracos resultou numa forte depreciação do caixa da companhia. No início do exercício 2008, a empresa tinha R$ 1,5 bilhão em caixa, caindo para R$ 291 milhões no fim do mesmo ano. Em 2009, fechara o caixa com apenas R$ 26 milhões. “Com o aporte dos chineses, a MMX deve terminar 2010 com dívida líquida positiva”, acredita Roger Downey, diretor-presidente da MMX.

Além do aumento de capital, a MMX acertou com a Wisco um contrato de compra e venda de minério de ferro, com prazo de vigência de 20 anos, que garante aos chineses pelo menos 50% da produção da unidade de Serra Azul (MG). O acordo dá ainda à Wisco o direito de requerer a compra de no mínimo 50% do que a unidade de Bom Sucesso (MG) produzir. O acordo pode resultar na exportação de mais de 16 milhões de toneladas de minério de ferro por ano à MMX, volume seis vezes maior que o de 2009.

entregando o prometido — O maior exemplo da confiança do investidor nos empreendimentos de Eike é a OGX. Menina dos olhos do empresário, a petrolífera captou R$ 6,7 bilhões em junho de 2008 — o maior IPO do País até então — e até agora não extraiu uma gota de óleo. Em agosto de 2009, a OGX iniciou a perfuração de um bloco na Bacia de Santos, com indícios de óleo e gás. Em setembro, começou a perfurar um poço na Bacia de Campos, com volume estimado entre 500 milhões e 1,5 bilhão de barris. A previsão é que a produção comece no primeiro trimestre de 2011, com 20 mil barris por dia, chegando a 1,38 milhão por dia em 2019. Até 2013, a empresa pretende perfurar 79 poços em cinco bacias.

Enquanto essa realidade não chega, o que leva o investidor a confiar seu dinheiro nas empresas pré-operacionais de Eike é a execução consistente dos planos de negócios. No caso da OGX, o cumprimento à risca do cronograma de perfurações e a comprovação da existência de petróleo foram cruciais para a boa aceitação da companhia. Atuando conforme o script estabelecido no começo de 2009, a empresa perfurou seis poços no decorrer do ano. Em cinco, a presença de óleo e hidrocarbonetos foi confirmada, em linha com projeções preliminares. Em um dos poços, o 1-OGX-3-RJS, localizado na Bacia de Campos, os volumes descobertos foram bem maiores que os estimados. “Se a estratégia apresentada continuar sendo seguida, são grandes as possibilidades de a companhia iniciar suas vendas com sucesso”, diz Lucas Brendler, analista do setor de petróleo da Geração Futuro.

Outro trunfo da estratégia de Eike está na contratação de profissionais de primeira linha. Na OGX, a diretoria conta com vários ex-funcionários de destaque na Petrobras. O diretor geral e de exploração e produção, Paulo Mendonça, trabalhou mais de 30 anos na gigante estatal, na qual ocupou o cargo de gerente executivo da área de exploração. Reinaldo Belotti, diretor de desenvolvimento de produção da OGX, também é egresso da Petrobras. No conselho de administração, a lista de grifes é extensa. Francisco Gros, ex-presidente do BNDES, do Banco Central e da Petrobras e ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é o vice-presidente do órgão. Engrossam o time o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan e o ex-ministro de Minas e Energia Rodolpho Tourinho Neto.

boas captações — De todas as crias da EBX, a empresa de logística foi a que mais se valorizou no ano passado (569,5%). Desde sua abertura de capital, a oscilação é positiva em 68,8% (até 25 de março). A exemplo da irmã OGX, a LLX também está em fase pré-receitas, com o início das operações programado para 2012. A vertiginosa apreciação de seus papéis tem como pano de fundo a melhoria do cenário macroeconômico brasileiro. “O incremento da produção industrial, com a retomada do fluxo de exportações, em conjunto com a retomada do crédito, deve gerar um panorama bastante animador para o setor de logística ao longo de 2010”, afirma relatório da Link Corretora.

Além do cenário macroeconômico positivo, a LLX pode celebrar 2009 por ter conseguido boas captações. Em janeiro, obteve financiamento do BNDES no valor de R$ 1,3 bilhão, que viabilizará a construção do principal projeto da companhia, o Superporto do Açu. Localizado em São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro, é um dos maiores investimentos em terminais marítimos do País. A construção começou no quarto trimestre de 2007 e sua conclusão está prevista para o primeiro semestre de 2012. A localização é estratégica: perto das bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. Eike espera que seu novo porto se torne o maior centro logístico para o Centro-Oeste e o Sudeste, superando o porto de Santos. Para isso, pretende erguer complexos industriais no Superporto, algo que Santos não consegue, por falta de espaço. O projeto prevê a construção de um terminal de minério de ferro e plantas de pelotização (processo de aglomeração de partículas de ferro), um complexo siderúrgico, usinas termelétricas e cimenteiras.

verticalizando — A companhia energética foi a única irmã X a dar retorno negativo desde seu IPO. A despeito do ótimo ano em 2009, quando obteve valorização de 231,4%, a ação da MPX ainda vale metade de quando foi distribuída pela primeira vez, em dezembro de 2007 — R$ 24,39 ante R$ 48,80. A empresa culpa a debandada estrangeira durante a crise pela queda dos papéis. Logo após o IPO, os investidores de fora do País detinham 86% das ações em circulação da MPX, participação que caiu para 53% no fim de 2008. Em fevereiro de 2009, o percentual recuou para 38%. No período mais agudo da crise, em outubro de 2008, a ação ordinária da companhia chegou a apresentar 89,6% de queda em relação ao valor de estreia na Bolsa. Ricardo Correa, analista da Ativa Corretora, concorda que a crise ajuda a empurrar para baixo a cotação da MPX, mas seus impactos não se restringem à fuga dos investidores internacionais. “Durante a turbulência, alguns projetos foram postergados, o que acabou deteriorando ainda mais as percepções sobre o papel”, assegura.

A melhora do cenário econômico em 2009 destravou os projetos do braço de energia do grupo EBX. Com a obtenção de financiamentos da ordem de R$ 2,6 bilhões, a MPX injetou recursos na construção das usinas Energia Pecém, MPX Pecém II e MPX Itaqui, que possuem capacidade geradora de 1,44 mil MW por dia. A entrada da empresa no setor de extração de matérias-primas para usinas termelétricas — como a aquisição de participação em sete blocos exploratórios de gás natural na Bacia do Parnaíba (MA), e a descoberta de minas na Colômbia com capacidade total estimada em 1,74 bilhão de toneladas de carvão — também contribui para o aumento do interesse pelas ações da companhia. “O diferencial competitivo da MPX é a sua verticalização, pois está presente no setor de energia desde a extração da matéria-prima até a produção propriamente dita,” avalia Correa.


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