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Fiagro desponta após recuperação do crédito
Avanço do agronegócio, carência de funding e nova geração de empreendedores sinalizam boas perspectivas para o produto
Fiagro desponta após recuperação do crédito
A repercussão pública do avanço do agronegócio ajudou a impulsionar os Fiagro

O crescimento do agronegócio brasileiro não tem apenas impulsionado o PIB (Produto Interno Bruto). O boom do setor também chegou com força total ao mercado de capitais.  E um dos grandes destaques do segmento é um veículo que está na praça há menos de dois anos: o Fiagro — Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais.

Segundo números da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a captação líquida desses fundos cresceu seis vezes em julho na comparação com o mês anterior e ultrapassou meio bilhão, chegando a 562 milhões de reais. E as emissões triplicaram, passando de 221,3 milhões de reais para 602,8 milhões de reais, também em julho, último balanço disponível. Com isso, o patrimônio líquido acumulado dos Fiagros chegou a 15 bilhões de reais.

Fase de aprendizado

O bom desempenho reflete um conjunto de circunstâncias. De modo geral, houve uma recuperação do mercado de crédito como um todo. “O mercado estava muito fechado por conta de eventos como Americanas e Light, as pessoas estavam tentando entender os impactos. Depois da virada de junho, ficou meio que evidente que isso foi um fato isolado. A partir daí, o mercado voltou às captações”, diz Bruno Lund, presidente da Eco Gestão de Ativos.

Por ser relativamente novo, tanto investidores e gestores como as empresas do agronegócio passaram por uma fase de aprendizado. “No começo, a gente ficou tentando entender a dinâmica. Como é que funcionaria, como é que seria a questão dos pagamentos, os rendimentos, a variação, a volatilidade das contas e tudo mais”, diz Gustavo Gomes, diretor comercial de agronegócio da XP Asset.

A repercussão pública do avanço do agronegócio no começo do ano é outro fator que, na opinião de gestores, ajudou a impulsionar os Fiagro. “O PIB do Brasil cresceu impactado pelo agro. Os demais setores tiveram crescimentos pífios ou negativos. As pessoas falam: olha, vou investir num setor resiliente”, afirma Gomes.

Carência de funding  

A avaliação entre os gestores ouvidos pela Capital Aberto é que o crescimento dos Fiagro deve continuar com força. De um lado, não há nada que indique que o agronegócio não continuará entregando bons resultados e seduzindo investidores. Do outro, o agronegócio deve continuar se aproximando do mercado de capitais. “A gente precisaria de 1,2 a 1,25 trilhão de reais para fazer frente ao custeio do agro. O plano safra veio na ordem de 350 bi. Essa diferença é a carência que existe de funding do agronegócio. E quem vem fazendo frente a essa carência é o mercado de capitais”, afirma Lund.

Na visão de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, além do encontro de interesses, há uma mudança cultural que ajuda a explicar essa aproximação. “A conexão do agro com o mercado financeiro demorou. Mas a nova geração (de empreendedores rurais) está mais conectada, mais digitalizada, mais interessada no mercado financeiro”, diz.

Para Gustavo Gomes, da XP Asset, algo parecido deve ocorrer na ponta dos investidores. Segundo ele, por conta da relativa novidade, muitas pessoas ainda não conhecem ou entendem pouco o Fiagro. “No geral, eu acho que ainda tem uma base de novos entrantes bem grande para acontecer.”

Isenção bem-vinda

Criado em março de 2021 pela Lei 14.130, o Fiagro chegou à B3 em outubro do mesmo ano. O produto é oferecido em três categorias: Fiagro-FIDC (aplicação em direitos creditórios), Fiagro-FII (com ativos imobiliários) e Fiagro-FIP (de investimento em participações. Assim como os fundos imobiliários, os Fiagro têm seus rendimentos isentos de Imposto de Renda para a pessoa física.

Recentemente, o governo editou uma Medida Provisória que eleva o número de investidores para a isenção de 50 para 500. Da mesma forma que no mercado de fundos imobiliários, o impacto não deve ser relevante, já que a grande maioria das opções supera em muito esse limite. “O instrumento foi criado para aproximar a pessoa física do investimento. Não é para ter poucos cotistas, mesmo”, argumenta Gustavo Cruz.

Sinal de alerta 

Se as perspectivas e crescimento são boas, há, entretanto, alguns pontos que merecem a atenção de gestores e investidores. No primeiro semestre, casos de inadimplência em alguns fundos afetaram a imagem do produto e levantaram questões sobre a governança e a transparência de empresas do agronegócio. “Você tem grandes produtores que fazem uma gestão muito profissional. Mas você tem também uma parcela de produtores e de revendas que fazem uma gestão não tão profissional. Então, sem dúvida, acho que tem espaço para crescimento do mercado com melhor governança”, diz Bruno Lund.

O gestor acredita que a aproximação entre empresas do agronegócio e o mercado financeiro vai estimular esse movimento. “Há muitas empresas que hoje não têm balanço auditado e, quando fazem sua estreia no mercado de capitais, acabam correndo atrás de uma firma de auditoria, porque isso facilita o processo”, argumenta.

Essa realidade, porém, exige atenção dos gestores de Fiagro. “Problemas pontuais estão acontecendo e devem continuar a acontecer. O investidor tem que olhar bem a gestão [dos fundos]. Mas é importante entender que a concentração dos fundos, se eu estou alocado em poucos papéis ou em muitos papéis, é [crucial para] a questão de acesso a garantias”, diz Gustavo Gomes.

Na opinião de Gustavo Cruz, com o amadurecimento do segmento, a avaliação vai ficar mais fácil. “Esse é um ponto que vai ser reforçado pela competição à medida que o track record melhore. No começo é mais difícil distinguir. No mercado imobiliário (FII), você já tem referência. Com o Fiagro vai ser parecido, demanda tempo.”

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