Um estudo do pesquisador Robert Repetto da Universidade de Yale enfocou a necessidade de adotar a governança corporativa nas atividades de lobby político das empresas. Prática comum em setores regulamentados que dependem de decisões governamentais, trata-se de uma indústria com forte crescimento nos Estados Unidos. Eis alguns dados: 68% das empresas registraram formalmente atividades de lobby em 2004; o número de escritórios corporativos para relacionamentos governamentais em Washington subiu de 175, em 1968, para 600 em 2005; a quantidade de lobistas registrados subiu de 10 mil para 25 mil entre 1996 e 2005; e, no âmbito estadual, há outros 45 mil lobistas cadastrados.

O estudo mostra que algumas companhias líderes nesta prática já reconheceram formalmente o quanto a questão do lobby precisa da supervisão dos conselhos de administração por envolver interesses significativos dos acionistas. Como exemplo dessa iniciativa, destaca-se o Morgan Stanley, cujo conselho recebe informações sobre doações políticas e atividades de lobby, além da ConocoPhillips, Eli Lilly e Sunoco, que criaram comitês para analisar essas questões. Porém, ainda é pequena a parcela de conselhos com um sistema formal de avaliação das atividades de lobby corporativo.

Em 2004, o Centro para Prestação de Contas Políticas (Center for Political Accountability) — uma organização não-governamental — avaliou 120 sites corporativos e, em apenas dois, havia declarações sobre a forma de atuação dos seus conselhos na supervisão dos gastos com lobby. Ademais, das 77 empresas participantes do Global Reporting Initiative, apenas três (AMD, Alcoa e GE) relataram ter um processo formal para aprovação das atividades de lobby político. Percebendo a importância do tema, investidores institucionais como Calpers (fundo de pensão dos funcionários públicos da Califórnia) solicitou recentemente à SEC a divulgação obrigatória e ampla dos gastos com atividades de lobby e contribuições políticas das empresas.