Quando não estão satisfeitos com as companhias em que investem, os fundos mútuos têm duas opções: a venda de ações (conhecida como “regra de Wall Street”) ou a participação em assembléias, utilizando seu direito de voto. Enquanto a primeira deprime o preço dos papéis e pode, indiretamente, acarretar mudanças nas empresas, a segunda tem o potencial de influenciar diretamente as decisões corporativas com a aprovação ou a rejeição de matérias nas assembléias.

Recente pesquisa realizada por Ying Duan, do Boston College, avaliou o papel dos 100 maiores fundos mútuos dos EUA na governança corporativa de 2003 a 2006. Notadamente, o autor encontrou três resultados principais. Em primeiro lugar, a probabilidade de voto contra os gestores nas assembléias é maior do que a de vender as ações quando as recomendações dos executivos conflitam com as recomendações de uma empresa de pesquisa e voto por procuração (no caso, as recomendações do Institutional Shareholders Services – ISS). Em segundo, a decisão de votar contra os gestores em vez de vender as ações possui relação com as características dos fundos e das companhias. Especificamente, os fundos de curto prazo costumam vender as ações. Já os de prazo mais longo tendem a manter suas ações e participar das assembléias.

Surpreendentemente, entretanto, o autor encontrou evidências de que os fundos com horizonte de mais longo prazo e também, de forma inesperada, os que têm maiores blocos de ações apresentam uma probabilidade menor de votar contra as propostas dos gestores. Observou-se ainda que os fundos têm uma tendência à votação nas assembléias contra os gestores de empresas com baixa qualidade de governança corporativa e à venda das ações quando há muita liquidez em bolsa.