A RateFinancials, agência independente que aplica ratings de qualidade nas demonstrações financeiras, avaliou recentemente o nível de disclosure, a consistência dos lucros e a governança corporativa das dez maiores empresas chinesas por capitalização de mercado com ADRs na Bolsa de Nova York. O resultado foi muito negativo. Todas receberam classificação com um conceito geral “muito pobre” ou “pobre”.

Em entrevista ao jornal Financial Week, Victor Germack, presidente da RateFinancials, afirmou que “essas são empresas controladas pelo Estado disfarçadas de companhias abertas e independentes. São difíceis de avaliar em razão de seu baixo nível de disclosure. Investir nessas empresas chinesas exige uma fé cega e sem bases concretas de que o governo do país irá colocar os interesses dos acionistas acima de considerações de ordem política”.

Nas questões de governança corporativa, que incluíam itens como independência do conselho e remuneração dos executivos, nenhuma das dez empresas chinesas recebeu mais de uma estrela na avaliação da RateFinancials (em uma escala de zero a cinco estrelas). Cinco não receberam nada. Para fins de comparação, a média das empresas listadas na Nyse é de três estrelas. O estudo também constatou que nenhuma companhia arquivou proxy statements (manuais para participação em assembléias com informações detalhadas sobre as matérias a serem votadas), deixando os investidores sem referência para votar em matérias como pacote de remuneração, governança e operações com partes relacionadas, entre outras. Ainda de acordo com o estudo, os 20-F dessas empresas, originalmente escritos em chinês, foram traduzidos “de uma maneira tão pobre que muitas passagens não podiam nem mesmo ser entendidas adequadamente”. Em relação à qualidade dos lucros, as dez empresas receberam uma média geral de apenas 7 pontos numa escala de 20. Como exemplo, a PetroChina, conhecida por causa do significativo investimento que recebeu do lendário Warren Buffett, levou só 3 pontos.