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Histeria e irracionalidade em tempos gasosos de coronavírus
Vale uma reflexão sobre os papéis dos líderes empresariais para evitar os prejuízos do efeito manada
Colunista Alexandre Fialho

*Alexandre Fialho | Ilustração: Julia Padula

Vivemos hoje num entrelaçar de eras, uma mistura de moderno, pós-moderno e hipermoderno — ou, mais didaticamente, numa mistura de narrativas conservadoras, orientadoras e emergentes/transgressoras. O que nos faz adentrar mais ou menos em uma dessas narrativas (ou seja, a composição, o blend) está diretamente relacionado com nossas lentes particulares e com a força emergente, que em casos extremos se transfigura ilusoriamente nas demais narrativas sociais para criar o famoso efeito manada.

Pois bem. O que vemos com a covid-19 e seus efeitos precisa ser mais bem compreendido, e muito além das questões epidemiológicas. Neste texto vou me ater a aspectos socioeconômicos do fenômeno.

Parece-me existir um certo exagero na forma como se está encarando o surto (confesso ter mais medo da dengue que do novo coronavírus). As medidas extremadas que têm sido tomadas são respostas fidedignas às histerias coletivas geradas e amplificadas pelo poder midiático tradicional e viralizadas pelas redes sociais. Está formado um contexto perfeito para que a irracionalidade tome conta do pensar e do decidir humano.

Para quem ainda não conhece, sugiro a leitura de Ilusões Populares e as Loucuras das Massas. Escrito ainda no século 17 pelo jornalista britânico Charles Mackay, o livro relata alguns episódios de histeria, irracionalidade e efeito manada que impactaram dinâmicas socioeconômicas no passado. A antiguidade desse texto ajuda a mostrar que tais insanidades não são frutos dos tempos atuais ou de uma sociedade tecnologicamente conectada: o que temos em tempos gasosos é uma “hipercontaminação” do “vírus da insensatez”. Com isso, o efeito manada hoje nada mais é que uma mudança das irracionalidades histéricas do estado sólido para o gasoso, dinâmica que intensifica sua amplitude e velocidade de propagação.

Bolsas derretendo no mundo inteiro, governos tomando medidas até certo ponto desumanas de reclusão compulsória (chamadas de “quarentena”, para o bem social), profetas do apocalipse dominando os espaços midiáticos, inclusive a imprensa tradicional. Enfim, há fatos e dados de realidade sintomática que destoam de maneira abissal dos fatos e dados científicos. A gravidade da epidemia tem deixado os epidemiologistas assustados — não com o novo coronavírus, mas sim com a histeria social, com a irresponsabilidade da grande mídia ao dar espaço aos profetas que falam como se fossem renomados sanitaristas. Ouvi de um dos mais respeitados infectologistas brasileiros que “vai morrer muito mais gente de infarto por conta das quedas históricas nas bolsas mundiais que por causa do novo coronavírus”.

Diante dessa afirmação nos cabe refletir: de quais doenças estamos falando quando tratamos desse surto específico? Os doentes são apenas os infectados? Quem ganha e quem perde financeiramente com essa histeria? Seria a irracionalidade generalizada ou existem arquitetos do caos jogando — e ganhando — o jogo? E, por último, mas não menos importante: nós, como líderes empresarias, temos que papel nesses momentos de efeito manada?


*Alexandre Fialho ([email protected]) é sócio-fundador da Filosofia Organizacional, conselheiro de diversas empresas, mentor de grandes líderes e professor


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