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Impacto da covid-19 no processo de captação de recursos por fundadoras de startups 
Mudanças provocadas pela pandemia podem ser encaradas como novas oportunidades  
Funding Startups

Imagem: Freepik

Como fez com muitos outroprocessos, a pandemia de covid-19 alterou bastante a dinâmica da avaliação de startups e dos investimentos nessas empresas. Desde o começo da disseminação do novo coronavírus, há pouco mais de dez meses, fundadores enfrentam pausas nos processos de auditoria, retirada de propostas de investimento (ou mudanças de última hora) e veem rumos diferentes para os métodos tradicionais de captação de recursos (fundraising). 

Esse é o quadro geral, mas que envolve ainda um aspecto desafiador: embora as circunstâncias estejam difíceis tanto para fundadores quanto para fundadoras, a desigualdade de gênero é visível no ecossistema das startups, situação que atinge em cheio quem está na corrida pelos recursos dos investidores para crescer. 

É verdade que nos últimos anos a quantidade de startups fundadas por mulheres aumentou, mas o fato de nessa indústria as percepções subjetivas e as relações pessoais terem um papel importante nas decisões de investimento muitas vezes impacta negativamente fundadoras que estão em busca de capital para seus empreendimentos. 

Pesquisa da Mindset Ventures com investidoras e fundadoras da rede de relacionamento tentou mapear a influência da pandemia no processo de fundraising por mulheres à frente de startups. A seguir, alguns insights do levantamento. 

Pipeline mais diverso não significa necessariamente mais investimento em mulheres e minorias 

Eventos como a pandemia e o movimento Black Lives Matter evidenciam o desafio contínuo da indústria de startups para financiar empresas formadas por mulheres e minorias. A pesquisa mostrou que tanto os fundadores quanto os investidores veem a comunidade de venture capital adotando ações para melhorar a diversidade em seu pipeline, mas há alguma preocupação de que os aportes (ainda) não estejam seguindo o mesmo caminho. 

Em 2019, fundadoras levantaram apenas 2,8% do capital total investido em startups nos Estados Unidos, uma taxa que, de acordo com números do terceiro trimestre de 2020 publicados pelo Pitchbookprovavelmente diminuiu no ano passado. 

A arte de desenvolver relações pessoais e captar recursos de forma virtual 

É chavão na indústria de venture capital dizer que fundos investem em pessoas, mas, em qualquer ecossistema empreendedor, isso é mesmo uma realidade. Para se tomar uma decisão de investimento, é preciso desenvolver uma relação pessoal com os fundadores.  

A pandemia levou à mesa esse novo desafio: como desenvolver conexões com as startups por meio de telas. Tanto investidores quanto empreendedores estão tendo que se adaptar a essa nova realidade, e essa é uma das razões pelas quais a conclusão de rodadas de investimento pode estar demorando mais que o habitual.  

Os investidores estão criando métodos diferentes para tomar decisões sobre empresas que irão ou não financiar; também têm confiado mais em dados quantitativos e aberto novos canais para se conectar com pessoas que não fazem parte da sua rede de contatos — e nesse ponto em particular entram startups fundadas por mulheres e minorias.  

Além de permitirem economia de tempo e dinheiro, os encontros online nivelam a competição para os(as) fundadores(as) que não podem — ou não querem — participar de eventos de networking, componente tradicionalmente inerente ao processo de captação de recursos. Uma das fundadoras da rede da Mindset Ventures fez uma observação interessante: a interação limitada pela necessidade de distanciamento físico força todos os gêneros a competir por mérito sem a ajuda de álcool, comida ou entretenimento. 

Desenvolver relacionamentos virtualmente pode ser desafiador, mas também representa uma grande oportunidade, visto que as barreiras para se contatar investidores diminuíram. 

Mais mulheres investidorasmais financiamento para fundadoras 

É inegável a dificuldade que fundadoras podem ter em um setor no qual são rarapessoas do mesmo gênero do outro lado da mesa. De acordo com pesquisa da All Raise, 65% das firmas de venture capital nos Estados Unidos ainda não têm sócias mulheres. Para que mulheres tenham sucesso nesse nichoessa realidade também precisa mudar.  

Dados publicados pela Kauffman Fellows em março passado mostram que sócias de fundos de venture capital investem duas vezes mais em startups fundadas por mulheres do que seus pares homens. 

Os preconceitos, implícitos e explícitos, em relação às mulheres fundadoras têm sido um obstáculo difícil de quantificar em uma indústria movida por nuances e intuições, mas a maioria das fundadoras tem consciência do problema. Há, de fato, uma diferença substancial de resultado entre os esforços de fundraising por fundadores e fundadoras. 

No entanto, a presença de mais mulheres em times de investimento nos fundos de venture capital tende a, mesmo que lentamente, mudar esse cenário. Fundadoras passaram a perceber a importância de considerar a composição dos comitês de investimento dos seus potenciais investidores na hora de fazer o pitch. Afinal, um comitê formado somente por homens pode ser um entrave ao sucesso da captação com aquele fundo. 

Pesquisa da Axios de julho de 2020 verificou aumento na quantidade de mulheres em comitês de investimento de fundos americanos de venture capital. Outro dado positivo: recentemente, dez firmas de venture capital (incluindo Greycroft PartnersFirst Round Capital, SVB Capital, entre outras) anunciaram que pretendem incluir parâmetros de diversidade nos term sheets. A intenção é incentivar a participação de investidores sub-representados nas rodadas de investimento de startups. Uma ótima notícia, já que há uma boa chance de outras casas adotarem essa mesma cláusula, tornando-a uma boa prática no mercado. 

A indústria caminha na direção certa, mas o caminho é longo. Sem dúvida os tempos são de mudanças, e é necessária adaptação das empresas para sobrevivência e prosperidade, cenário que vale também para o ecossistema de venture capital. Diversidade e inclusão não podem ficar de fora da agenda. 


Camila Folkmann C. Potenza ([email protected]) é cofundadora da Mindset Ventures, fundo de venture capital que investe em startups americanas e israelenses 

 


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