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De olho no varejo
Petrobras faz 25 eventos voltados à pessoa física em apenas um ano, desdobra ações e conquista milhares de novos investidores

, De olho no varejo, Capital AbertoDe uns tempos para cá, ampliar o contato com investidores pessoas físicas tornou-se realidade entre as companhias abertas. Estimulado pelo programa de popularização da bolsa e pela queda nas taxas de juros, esse poupador tomou gosto pelo mercado de ações e entrou no radar dos profissionais de RI. Áreas reservadas nos websites para pessoas físicas e eventos dirigidos passaram a ter espaço cativo na agenda de muitas empresas. Mas nenhuma parece ter levado esse assunto tão a sério quanto a Petrobras.

A gigante de petróleo promoveu 25 eventos voltados exclusivamente ao investidor pessoa física no ano passado, em todo o País. Nessas oportunidades, fez contato direto com mais de 4 mil pessoas. O esforço, que se intensifica a cada ano, é recompensador. Segundo o gerente-geral de RI da empresa, Paulo Maurício Campos, essa categoria de acionistas foi decisiva para fazer da Petrobras a companhia mais líquida da Bovespa. Em setembro de 2005, após operação de desdobramento, o valor da ação foi dividido por quatro. Cada papel passou de R$ 130 para R$ 32,50, e o ticket para aquisição do lote padrão, composto de 100 ações, baixou de R$ 13 mil para R$ 3.250. “Antes desta medida, para começar a operar com menos de R$ 13 mil, o investidor tinha de comprar um lote fracionado, o que não vale a pena em operações pequenas, devido aos custos e à burocracia”, afirma Campos.

Desde então e até abril deste ano, a Petrobras absorveu 105 mil novos investidores individuais e ultrapassou a Telemar como o papel mais líquido do mercado nacional. Já chega perto de 1 milhão o total de pessoas físicas que investem na Petrobras, entre acionistas diretos e cotistas de fundos de ações. Estes últimos, isoladamente, são 600 mil e respondem por 9% do capital social da companhia. “Este crescimento é, para nós, a maior medida do retorno que os encontros com investidores pessoas físicas proporcionam”, diz o gerente.

A comunicação com o investidor pessoa física, segundo o executivo, exige o uso de linguagem simples e didática. “A grande chave é evitar jargões do mercado. É preciso traduzi-los em palavras que as pessoas menos familiarizadas compreendam”, diz. Nas apresentações, Campos distribui um caderninho com glossário dos termos técnicos usados em cada evento. O conteúdo das apresentações, porém, é o mesmo transmitido aos institucionais. “O único documento com divulgação específica é o RMF (Relatório do Mercado Financeiro) que é muito técnico e só distribuído aos analistas”, garante.

O empenho da companhia em aumentar significativamente o número de acionistas pessoas físicas ganhou força a partir de 2000. Nessa época, ingressaram na empresa cerca de 250 mil acionistas por meio de recursos do FGTS, num programa pontual de popularização do mercado financeiro. “Muitas dessas pessoas venderam suas posições quando sacaram o fundo, mas ainda restam cerca de 120 mil destes aplicadores”, afirma o executivo. Dois anos mais tarde, foi criada uma gerência voltada exclusivamente ao aplicador individual. Desde então, a área organiza encontros em parceria com o Instituto Nacional de Investidores (INI) e com diversas corretoras de valores, como Banco do Brasil, Santander, Bradesco e Itaú. Um dos eventos realizados com o INI é a Expo Money, feira voltada ao público que busca os primeiros contatos com o mercado de ações.

O interesse do investidor individual tem crescido sensivelmente, não apenas em razão dos eventos dirigidos, mas também devido ao bom momento do mercado e dos papéis da Petrobras. “As recentes descobertas de grandes reservas têm atraído aplicadores novos”, comenta o executivo. Uma medida disso é a participação nos chats promovidos pela companhia. Até pouco tempo, participavam em média 25 pessoas. No mais recente, segundo Campos, foram 46. O contingente total de acionistas pessoas físicas também tem subido acentuadamente. Nos últimos cinco anos, entraram 170 mil investidores diretos na companhia. Novos cotistas foram cerca de 300 mil, no mesmo período. Para esses investidores, o principal é saber se a companhia tem perspectiva de crescimento. “Nós mostramos o plano de negócios e destacamos projeções para provar que o acionista ganha no longo prazo”, afirma.

OLHO NO OLHO — Os encontros são muito bem vistos pelo carioca Gilberto de Souza Esmeraldo, um militar reformado da Marinha. Ele investe em ações desde os anos 60, por influência do pai. Depois de entrar e sair algumas vezes, tem participação na Petrobras há mais de 10 anos. “Não perco uma reunião da companhia”, diz. Esmeraldo reivindica para si parte do mérito pelo sucesso que o desdobramento de 2005 alcançou: “Esta foi uma sugestão que fiz insistentemente nos eventos, porque era evidente que, com um lote padrão mais acessível, muita gente nova iria entrar”, conta.

Para o militar, o mais importante nessas oportunidades é conversar pessoalmente com a direção da empresa. “No encontro olho no olho, dá para sentir a credibilidade que eles têm para passar”, garante. Outro assunto que gosta de tratar é da distribuição de dividendos. Afirma que as reivindicações encaminhadas pelos acionistas também foram atendidas nesse caso, já que a freqüência de pagamentos aumentou de uma para duas vezes ao ano. Sua única ressalva aos encontros com a direção da companhia é quanto à participação, a seu ver excessiva, de representantes dos funcionários-acionistas, como a Associação de Engenheiros da Petrobras. “Eles usam os encontros para fazer reivindicação salarial”, queixa-se.


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