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O ano que fez acontecer

Na era da informação abundante, barata e sem fronteiras, tudo parece acontecer rápido demais. A cada ano emerge uma sensação coletiva de que as 24 horas do dia já não somam mais esse número, e só se esqueceram de avisar a nós, os ingênuos, que continuamos a encaixar nelas as nossas improváveis agendas. Em 2007, quando se pensa em mercado de capitais, a velocidade parece ter superado todos os limites. Enquanto 2006 foi o ano que, neste mesmo espaço, chamamos de “imperdível”, por sua capacidade de revolucionar e produzir novidades, 2007 foi a vez do “vamos fazer acontecer” — e logo, pra já, pra ontem.

Começamos o ano animados com a força exibida pelos IPOs. Depois das 26 operações registradas em 2006, a expectativa entre os mais otimistas era a de repetir o feito ou, quem sabe, até superar o patamar de 30. Entre os super-otimistas, havia quem arriscasse falar em 50 IPOs, mas a esses ninguém dava ouvidos. Foram 62, até o fim de novembro.

Enquanto os bancos corriam para dar conta do recado, as companhias já desembarcadas no pregão aceleravam para entregar o crescimento prometido. Foi uma aquisição atrás da outra, sem tempo a perder. Nesse clima de selvageria, houve quem tentasse se livrar rapidamente das amarras da regulação para não correr o risco de virar presa em vez de predador. Numa operação que entrou para os mais marcantes (ou piores?) momentos de 2007, a sucroalcooleira Cosan tentou driblar a exigência de uma ação-um voto imposta pelo Novo Mercado e alavancar os recursos que lhe dariam musculatura para sobreviver ao apetite das gigantes multinacionais.

No cenário externo, a crise dos créditos imobiliários derrubou como dominó os tomadores de risco mais insanos dos países ricos. Mas os bons fundamentos da economia brasileira garantiram a atratividade do capital de fora, que paradoxalmente buscou segurança nos mercados emergentes. Abalos ocorreram, mas foram muito rápidos, e os IPOs continuaram em ritmo desenfreado. Prestadores de serviços que ainda não tinham se convencido da força desse movimento viram a ficha cair e tentaram agir a tempo. Escritórios de advocacia, empresas de consultoria e firmas de auditoria saíram à luta para assegurar, o quanto antes, a sua fatia neste mercado endinheirado.

Com a bolsa recuperada da crise-relâmpago, investidores pessoas físicas se deram conta de que o mercado de ações seria uma boa saída para engordar suas aplicações. As taxas de juros haviam caído tão rapidamente que eles mal puderam perceber que os fundos DI — aqueles que rendiam uns 14% ao ano com baixíssimo risco — já estavam praticamente perdendo para a poupança.

E foi assim, atrasado, que o ano de 2007 chegou ao fim. A crise lá de fora demorou para fazer efeito, mas finalmente se manifestou. Investidores estrangeiros recolheram suas apostas e os IPOs terminaram mais cedo. No semblante dos banqueiros e demais envolvidos nessa roda-viva, é nítida a preocupação com a extensão desse freio. Mas ninguém disfarça um certo alívio em dizer que “2007 acabou”. Ufa!

Aos leitores que sobreviveram à maratona — e aos que ainda estiverem tentando terminar a prova —, os nossos votos de boas-festas. E de muita paz em 2008.


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