Um levantamento realizado pela Thomson Datastream junto às companhias que compõem o índice S&P 500 revela que o pagamento de dividendos permaneceu relativamente estável, sem sofrer baixas significativas, em termos reais, desde 1965. Mesmo em momentos de forte crise no mercado de capitais, como o vivido entre os anos de 2001 e 2002, quando estourou a bolha da internet, não houve redução significativa nos dividendos distribuídos. Enquanto a queda nos lucros foi de mais de 50%, os dividendos foram reduzidos em apenas 6%. Isso graças ao fato de que o percentual do lucro distribuído é baixo. A média é de 35%, próxima ao menor nível já registrado.

Relatório do banco UBS atribui essa tendência a uma mudança estrutural recente. As operações de recompra de ações têm sido a opção mais utilizada pelas empresas para reembolsar seus acionistas. Em 2006, o valor das operações de recompra realizadas pelas 600 maiores companhias do mundo correspondeu a 78% dos dividendos pagos no mesmo período.

A opção por baixos percentuais de distribuição de lucros é mais acentuada nas companhias que atuam em setores cujo desempenho é impulsionado por ciclos econômicos. Elas relutam em ampliar essa fatia em momentos de alta lucratividade, temendo assumir um compromisso permanente com seus investidores. Essa apreensão é evidenciada por uma comparação dos percentuais praticados por representantes de diferentes setores. Hoje, mais de 25% das receitas mundiais provêem das indústrias de petróleo e gás, mineração, siderurgia e seguradoras. O reparte de dividendos pago por companhias desses segmentos é bem menor do que o praticado pelas teles e farmacêuticas, por exemplo (veja quadro).