Comparar a governança corporativa de diferentes países não é tarefa fácil. Cada nação, afinal, apresenta suas peculiaridades em termos de contexto histórico, estágio de desenvolvimento do mercado e regulação.
Reconhecidas as diferenças, existem dois grandes modelos de governança no mundo: o “outsider system”, em que os acionistas não fazem parte da administração; e o “insider system”, no qual os chamados acionistas de referência participam da gestão. O primeiro é encontrado nos países anglo-saxões, enquanto o segundo predomina nos demais países, notadamente os da Europa continental.
No outsider system, o financiamento via ações, oriundo de investidores institucionais e individuais, é central para o crescimento das companhias. Como resultado, o mercado de capitais é muito líquido e as empresas em geral possuem estrutura acionária dispersa. O acionista recebe apenas informações e dividendos, sem exercer interferência direta na gestão. Por isso, o sistema depende de um ambiente regulador que assegure transparência e proteção efetiva ao investidor.
As companhias do insider system são controladas pelos acionistas de referência, sócios relevantes que atuam de forma coesa e mantêm posições no longo prazo. Em geral, famílias, instituições financeiras, holdings ou mesmo o Estado. Acompanham de perto a gestão diária e tomam as decisões estratégicas das empresas investidas. O financiamento delas, por sua vez, vem de bancos (privados e públicos) ou de recursos internos, com menor peso dos mercados de capitais. As relações de longo prazo com os stakeholders — sobretudo empregados, fornecedores, instituições financeiras e União — ocupam papel central, o que reduz o foco na criação de valor para o acionista como objetivo da empresa.
O quadro acima mostra as principais diferenças entre as duas estruturas. O Brasil, com sua elevada concentração acionária, naturalmente se aproxima da Europa continental. Por outro lado, a maior orientação de nossas companhias para os acionistas e a presença de institucionais ativos no mercado sinaliza que possuímos elementos do modelo anglo-saxão. Estamos, assim, numa posição relativamente híbrida entre os grandes sistemas de governança do mundo.
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