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“Só intervimos no mercado cambial para corrigir disfunções”, diz Campos Neto
Na visão do presidente do BC, a atuação da autoridade monetária não pode ir contra as mudanças estruturais
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil - Crédito: Raphael Ribeiro/Divulgação BC
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil – Crédito: Raphael Ribeiro/Divulgação BC

Durante coletiva de imprensa do G-20, bloco que reúne as maiores economias do mundo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (18), ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o câmbio no Brasil é flutuante e que a autoridade só intervém quando “há disfunções”.

A dúvida sobre se o BC poderia ou não intervir no dólar acontece após a disparada da moeda, diante de um cenário global muito volátil, depois que o Federal Reserve (banco central americano) deu sinais claros de que a taxa de juros permanecerá alta por mais tempo.


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Em 2 de abril a entidade realizou um leilão adicional de swap cambial tradicional, no valor de US$ 1 bilhão. A última vez em que a entidade havia atuado no câmbio foi em 27 de dezembro de 2022, quando vendeu a moeda com o compromisso de recomprar posteriormente.

Nesta quinta, o dólar chegou a bater R$ 5,27. Na semana, acumula uma alta de 2,39%.

“Questões macroprudenciais, ou regras macroprudenciais, são para estabilidade financeira. O câmbio é flutuante. Esse fato nos atende bem, porque funciona como um amortecedor de choque. Por isso, só intervimos no mercado cambial para corrigir disfunções”, apontou o presidente do BC.

Segundo ele, o BC não pode intervir no mercado cambial para ir contra uma mudança estrutural, que possui fundamento, como é o caso da taxa de juros nos Estados Unidos, que precisa ficar alta por mais tempo. “Na verdade, acreditamos que intervir contra algo estrutural distorce outras variáveis macroeconômicas”.

Nesse aspecto, a favor do Brasil, Campos Neto cita as reservas de dólar. O presidente do BC explicou que, quando a moeda se deprecia, a situação naturalmente melhora, porque a dívida líquida diminui com a desvalorização do câmbio.

“Na crise econômica de 2008, a autoridade monetária ainda não tinha sua independência formalizada, mas a economia ia muito bem naquela época. A decisão do governo brasileiro naquela ocasião, que foi bem mais profunda do que a situação atual, foi de não intervir e deixar o mercado como estava”, afirmou. “É importante lembrar que estamos falando do mesmo governo, da mesma administração. E essa orientação de preservar as reservas, aguardando a reestabilização do mercado, foi uma decisão tomada em momento mais crítico, bem mais do que agora”, analisa o presidente do BC.

Para Campos Neto, o Brasil está em uma posição externa diferenciada dos demais países afetados pela alta do dólar, devido às contas externas fortes, saldo comercial crescente, além da exportação de produtos derivados de petróleo e recordes em exportações de alimentos. “Portanto, acreditamos que a posição externa do Brasil é diferenciada nesse aspecto. Sim, o dólar forte é sempre um problema e pode gerar uma reação dos formuladores de políticas em todo o mundo. Mas, no caso do Brasil, vemos a situação como sendo melhor”.

Juros americanos

As autoridades não deram pistas sobre a curva de juros no Brasil, mas ressaltaram a correlação com a política monetária americana, que passa por uma quebra de expectativa sobre o ciclo de corte, possivelmente postergado para o ano que vem.

Haddad afirmou que houve um episódio significativo nos últimos dias, “que não estava incluso no roteiro da comunicação do Fed”, citando a crença do mercado de que, em algum momento durante o primeiro semestre do ano, o ciclo de cortes do Fed teria início. Mas foi o contrário.

“Quando março chegou com as notícias assustadoras, houve uma reversão drástica das expectativas. E isso mudou completamente o humor sobre como as variáveis macroeconômicas se comportariam em todo o mundo, como nos EUA, na Europa, no Brasil, nos países emergentes”, explicou o ministro da Fazenda.

De acordo com Haddad, este é um momento em que as placas tectônicas estão se acomodando, por isso, é preciso ter cuidado para ver onde tudo isso vai parar.


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