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Papeis isentos de IR prejudicam concorrência, afirma gestor
André Jakurski, da JGP, diz que parte da ‘sangria’ dos fundos multimercado e de ações está ligada à concorrência com os papeis
Divulgação/BTG Pactual
Divulgação/BTG Pactual

As mudanças definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na semana passada, que reduzem o escopo de operações passiveis de serem usadas como lastro para produtos isentos de IR – CRI, CRA, LCI, LCA e LIG – devem melhorar a competitividade de outros ativos do mercado de capitais. A importância dos novos critérios, que reduzirão a emissão e a oferta destes ativos no mercado, foi mencionada por durante o evento CEO Conference, promovido pelo BTG Pactual. Para o sócio fundador da gestora JGP, André Jakurski, a perda de recursos investidos em fundos de ações e multimercados está ligada, ao menos em parte, à concorrência com papeis isentos de IR.

“Você tem os fundos de ações e os multimercados sangrando. Isso foi motivado, em parte, pelo fator papéis isentos”, comentou Jakurski, acrescentando que agora a tendência é de uma melhora no ambiente. “A concorrência vai diminuir para esses títulos, que prejudicam dramaticamente o mercado de capitais no Brasil.”


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Falando sobre o mercado de ações, Jakurski lembrou que a maior dificuldade da bolsa brasileira é o fluxo de recursos, mas se mostrou otimista com o cenário geral. “O problema da bolsa brasileira sempre foi fluxo e estamos em um momento inédito em que o mês de janeiro, em que normalmente há ingresso de recursos no mercado de ações, a bolsa ter registrado saída de estrangeiros”, comenta o gestor. Na visão de Jakurski, quando os juros caírem com mais intensidade, os ativos devem andar. “Tem que olhar setores competitivos. Situação boa na área agrícola, aumento da produção de petróleo. O país está muito bem.”

Os sócios-fundadores da Verde Asset, Luís Stuhlberger, e da SPX Capital, Rogério Xavier, também se mostram otimistas com o potencial para ativos negociados em bolsa. Para Stuhlberger, as ações “estão baratas”. “Onde tem prêmio grande e que afeta o desempenho da bolsa brasileira é na taxa de juro longa por conta do risco fiscal. Juro real de longo prazo, 10 anos, a 5,60% é muito alto”, comenta o executivo. “Deveria ser 3% acima de uma taxa americana que hoje está perto de 1,60%. O medo fiscal atrapalha uma alta mais forte da bolsa.” Olhando para o horizonte de três anos, Stuhlberger pontuou o risco político ao término do atual governo. “Não sabemos qual preço o PT vai cobrar por uma reeleição, não sabemos. O Haddad estando lá é uma segurança para nós. Somos otimistas, mas por sermos país emergente sempre somos vítimas da descontinuidade eleitoral e de tipos de governo.”

Rogério Xavier, da SPX, é um pouco mais cauteloso e menciona que os juros altos ainda são muito atraentes. “Se não houver nenhum acidente na China e eu pudesse pedir a Deus um cenário perfeito seria este, com EUA num pouso suave, mundo cortando juros, China sustentando o crescimento e exportando deflação”, resume o gestor. “Expectativa não é tão boa para o Brasil, que vai ser sardinha, andar com o resto do mundo. O juro aqui está muito alto, não faz sentido”, critica Xavier, acrescentando que quando os juros caírem aqui e nos Estados Unidos os mercados vão andar.

Na visão de André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, hoje o que mais influencia no ambiente de mercado e de investimentos é o cenário internacional. “Há 12, 18 meses o debate era qual nível de política monetária seria necessária para combater a inflação. A pergunta hoje é outra, inflação já voltou a patamares aceitáveis, mas temos um mercado de trabalho forte”, comenta Esteves.

China sem consenso

Todos os gestores presentes no evento destacaram o papel importante da China para controlar os preços globais. O país enfrenta deflação interna e elevada capacidade de produção, o que estimula exportação de produtos a preços menores. Sobre o futuro da economia, contudo, divergem.

Luís Stuhlberger, da Verde, lembrou que a China tem um mercado imobiliário velho mas que está funcionando. “Não vejo no momento riscos como o do Lehman Brothers. Os chineses seguem pagando seus imóveis. A China tem bons números. Não sou otimista nem pessimista, mas a China vai seguir ajudando o mundo.”

Na visão de Xavier, da SPX, a China não compra duas batalhas ao mesmo tempo se referindo a um risco de eventual disputa com os Estados Unidos. “Hoje ela luta a batalha econômica, não a geopolítica. Como na minha visão ela vai falhar em resolver o econômico a consequência pode recair na geopolítica. Quando um ditador se vê enfraquecido, ele tende a escolher inimigos externos para unir a nação” analisa. O sócio fundador da gestora menciona os problemas que já surgem no mercado de crédito chinês. Ele comentou que no mercado regulado, em que bancos públicos emprestam para empresas públicas segue normal, mas que no mercado não regulado há o efeito da marcação a mercado, quando há saques e o gestor precisa vender ativos para pagar os clientes. “Problemas na China são profundos, tem esgotamento de modelo. Vejo o risco de um colapso por crise bancária profundo e o país retrocedendo, e não avançando.”


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