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Inflação ainda preocupa Fed e juros não caem tão cedo, revela ata do Fomc
Expectativa do mercado é de que taxas só caiam em junho
Fomc, Inflação ainda preocupa Fed e juros não caem tão cedo, revela ata do Fomc, Capital Aberto

O Fed continua cauteloso em relação ao ritmo de redução de juros, preocupado com o risco de cortes prematuros. É o que mostra a ata da última reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), realizada entre 30 e 31 de janeiro, e divulgada nesta quarta-feira (21). No encontro, por votação unânime, as taxas foram mantidas inalteradas, na faixa entre 5,25% a 5,5%,

Segundo o documento, os integrantes do comitê continuam atentos à trajetória da inflação – alguns deles preocupados com a possibilidade de que o progresso em direção à meta de 2% do banco central possa estagnar. Por isso, a ata reforçou a preferência do Fed por mais sinais de que a inflação está em queda firme. “A maioria dos participantes observou os riscos de agir muito rapidamente para aliviar a postura da política e enfatizou a importância de avaliar cuidadosamente os dados recebidos para julgar se a inflação está diminuindo de forma sustentável para 2%”, afirma o documento.

Os dados da economia americana, com baixo desemprego e inflação acima do esperado, surpreenderam positivamente, desde a última reunião do Fed, dando força à abordagem cautelosa no afrouxamento monetário. “De forma geral, as informações trazidas pela ata ficaram defasadas pelo fato de a reunião ter sido anterior às atualizações nos dados do Payroll e inflação, ambos mais fortes que o esperado”, diz Juliano Camargo, economista de área internacional da AZ Quest.

Após a divulgação dos indicadores, caiu mais uma vez a expectativa de cortes antecipados nos juros, com o mercado futuro apostando em queda somente a partir de junho, com mais três ou quatro reduções ao longo de 2024.  

Segundo Camargo, os números não trazem grande impacto para os juros brasileiros, até porque o mercado já conhecia os últimos dados de inflação e desemprego, divulgados depois da reunião do Fomc. Já na bolsa, o fim da expectativa de queda imediata nos juros americanos ajudou a afugentar investidores estrangeiros, que também aproveitaram para realizar lucros depois do forte rali de fim de ano, como avalia o professor de finanças do Ibmec-DF, Renan Silva.

No ano de 2024 até o dia 15 de fevereiro, o saldo líquido dos investidores estrangeiros na bolsa B3 é negativo em R$ 14,1 bilhões, marcando o pior registro desde 2016 e quebrando uma sequência de quatro anos de entrada líquida de recursos positiva, segundo dados da Elos Ayta Consultoria.

Altos e baixos

Não é de hoje que o Fed analisa indicadores como a evolução do PIB, gastos do consumidor, produção industrial, e também eventos como crises financeiras, guerras ou uma pandemia global. Os dados servem para balizar a política monetária, com dois objetivos: manter os preços estáveis e maximizar o emprego. “Os movimentos são cíclicos e a trajetória de queda frequentemente leva de dois a três anos”, afirma Silva.

O vai e vem das taxas

O ciclo atual foi motivado pela chegada do novo coronavírus. Logo no início da pandemia, o Fomc realizou dois cortes significativos de juros em reuniões de emergência não programadas em março de 2020, com taxas pouco acima de zero. O objetivo era fortalecer a atividade econômica, que despencou com a onda de Covid-19. Somente em abril, 20,5 milhões de vagas foram fechadas, com a taxa de desemprego saltando para 14,7%.

Para combater a situação, o governo turbinou auxílios financeiros para a população, com foco nos desempregados. Como resultado, a renda familiar média real cresceu 4% entre 2019 e 2020, segundo  departamento do censo no país. “Com mais dinheiro, as pessoas consumiram mais e, sem aumento correspondente na produção, a inflação voltou a preocupar”, diz Silva. Era a hora de o pêndulo da política monetária mudar de lado, com o início da trajetória de alta que levou os juros anuais para a casa dos 5%, o maior patamar desde 2001.

Mas, ainda assim, ao longo da história os juros já estiveram mais altos. Em 1981, por exemplo, bateram os 19%. “Em grande parte, essa alta foi provocada pelos choques do petróleo da década anterior, que pressionaram a inflação num mundo ainda mais dependente do combustível fóssil”, diz o professor.

No rumo oposto, quase duas décadas depois, em 2008, os juros novamente beiravam o zero, como efeito da crise do subprime, causada pelo estouro da bolha de investimentos massivos em hipotecas. “Na ocasião, a economia praticamente zerou e o Fed agiu para evitar um colapso semelhante ao causado pela crise quebra de bolsa em 1929”, afirma Silva.


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