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Furando a bolha do Encilhamento

, Furando a bolha do Encilhamento, Capital AbertoNo início de 1891, estava em curso final o Encilhamento, a maior bolha especulativa vivida pelo País até então. A expectativa de que o futuro econômico seria brilhante após a abolição da escravatura em 1888 e a Proclamação da República em 1889 gerou euforia, o que induziu à especulação.

Esses dois eventos trouxeram novas esperanças de desenvolvimento para o Brasil. E as épocas de otimismo são propícias ao crescimento das febres especulativas: nos três anos do delírio, fundaram-se mais de 400 companhias abertas na capital do Rio de Janeiro.

O movimento se estendeu por todo o Brasil. A espiral ascendente motivou a fundação da Bolsa Livre de São Paulo, antecessora da BM&FBovespa, por Emílio Rangel Pestana, em agosto de 1890.

Ruy Barbosa, primeiro ministro da Fazenda da República, com sua postura desenvolvimentista de não intervenção do Estado nos negócios, trouxe mais otimismo às expectativas do mercado, que já eram amplamente positivas. Mas, por divergências políticas, foi substituído em janeiro de 1891 por Tristão de Alencar Araripe, um magistrado digno sob todos os pontos de vista, mas inexperiente em finanças.

Menos de um mês depois, em 14 de fevereiro, um sábado, Araripe editou um decreto que criou novo tributo aplicável às operações a termo, buscando conter a especulação em bolsa. O imposto era de 3% sobre o valor nominal de cada ação negociada. O pagamento da taxa era indispensável para se obter pleno direito sobre a liquidação futura da transação.

A reação foi imediata, e a ruína, instantânea. Os corretores da Bolsa do Rio entraram em greve branca que se estendeu por uma semana. Ao mesmo tempo, os preços caíram violentamente no mercado paralelo que se desenvolvia nas calçadas dos arredores da Bolsa — onde centenas de corretores informais negociavam ações ao ar livre, uma vez que o pregão oficial durava apenas meia hora por dia. Após longas negociações com o governo, Araripe concordou em revogar a medida. Mas já era tarde. A confiança estava perdida, e os preços continuaram a cair, dando fim ao Encilhamento.

O nome do episódio é originário do turfe, esporte mais popular à época no Rio de Janeiro, e remete ao ruído do local do hipódromo em que se colocavam as selas nos cavalos. Mas era, também, referência sutil ao mercado de calçada, de má reputação, pelo qual investidores menos avisados seriam enganados e encilhados como qualquer cavalgadura.

A bolha teria sido perfurada naturalmente, como todas as demais. Porém, a desajeitada manobra do ministro da Fazenda transformou o governo em responsável pelo cataclismo.


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