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Fora dos trilhos
ALL mantém guidance e investimentos para o ano, mas não convence o mercado

O mau humor dos mercados mundiais, que minguou o crédito e descarrilou a maioria das empresas brasileiras listadas em bolsa, cruzou os trilhos da ALL América Latina Logística, deixando alguns vagões fora do eixo.  “Foi um movimento de manada”, diz  Rodrigo Campos, superintendente de Controladoria e Relações com Investidores (RI). O executivo usou o termo no coletivo para justificar a saída — em efeito dominó — de investidores internacionais. “Com a crise de liquidez, o mercado deixou de ser racional, o que atingiu ainda mais as empresas com grande parte dos investidores estrangeiros.”

Não foi diferente com a ALL — maior operadora logística de carga do País, dona de mais de mil locomotivas, 31 mil vagões e mil veículos rodoviários.  As ações da companhia caíram 27% nos últimos seis meses. Desceram um pouco mais, em seguida, com a decisão do conselho de administração de manter a perspectiva de crescimento no ano, mesmo diante de um cenário com resultados menores do que o esperado. Com os papéis em linha de queda e uma onda de burburinho salpicando aqui e ali, a ALL antecipou-se e divulgou uma prévia do balanço do terceiro trimestre, ainda não auditado.  “O ambiente estava hostil e havia muitos rumores”, afirma Campos. “Queriam saber se tínhamos exposição em derivativos, risco em moeda estrangeira e chegaram até falar que estávamos quebrados.”

A receita bruta consolidada somou R$ 770,2 milhões no terceiro trimestre deste ano, aumento de 10,2% ante o mesmo trimestre do ano passado. E o Ebitda consolidado foi de R$ 321,1 milhões, uma alta de 17,6%, utilizando-se a mesma base de comparação. Não é um balanço ruim. O problema, na visão dos analistas, é que a empresa dificilmente conseguirá cumprir o projetado para 2008. “No acumulado dos nove meses do ano,  o volume transportado cresceu 8,9% comparado com o mesmo período de 2007, muito distante do guidance previsto para o ano”, diz  Antonio Bezerra, analista da corretora Ativa CTV.

Para crescer entre 12% e 14%, como pretende, a ALL terá de atingir um volume transportado de 10,8 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU´s) no quarto trimestre do ano, representando um crescimento de 25% sobre o mesmo período de 2007, segundo relatório da Ativa.  A questão é que a companhia não conseguiu chegar a esse volume nem mesmo no terceiro trimestre — período mais forte do ano e no qual se concentra o escoamento da safra.  Além disso, tradicionalmente, o quarto e o primeiro trimestre são os mais fracos, por conta da sazonalidade agrícola. E é justamente desse setor que vem o grosso do seu faturamento: produtos agrícolas respondem por 70% do volume transportado.

“Continuamos confiantes no volume do ano, entre 12% e 14%, e não mudamos a estimativa de investimento para 2008 (de R$ 700 milhões)”, disse Bernardo Hess, diretor-presidente da ALL, na conferência com analistas, um dia após a divulgação da prévia do terceiro trimestre. “Estamos mantendo o plano de crescimento para o ano que vem; já compramos 50 locomotivas e temos 600 vagões da expansão de 2009 contratados com clientes.” No começo de novembro, a GP Investimentos, acionista controladora com cerca de 18% das ações ordinárias, se desfez da sua posição. As ações foram vendidas para um fundo da BRZ, gestora de recursos também sob domínio da GP.

Otimista, Hess acredita numa melhora de cenário, com a transferência dos volumes não transportados no terceiro para o quarto trimestre. Até porque, segundo a empresa, os produtores rurais, mais capitalizados que em anos anteriores, seguraram a venda da safra no terceiro trimestre para tentar melhorar os preços. Mas terão de “desovar” os estoques para colher a próxima safra. “Eu rodei o Mato Grosso recentemente, falei com vários produtores e tradings. A capacidade de armazenagem do Estado está 100% tomada. Então, para a nova safra, que se inicia no fim de janeiro, começo de fevereiro, é imperativo que o produtor comece a vender e a se desfazer dos estoques construídos ao longo do tempo.”

O mercado está mais cético. Alguns analistas alegam que o nível de endividamento da ALL é elevado, em torno de 2,2 vezes o Ebitda. A empresa rebate, justificando que tem um caixa reforçado, com R$ 2,5 bilhões, o que lhe permite ficar dois anos sem ter de acionar o mercado de capitais.  Campos afirma, porém, que o cronograma de amortização de dívida para 2009 e 2010 está na casa de R$ 350 milhões ao ano. E vai além, dizendo que, historicamente, a ALL sempre trabalhou com um nível de endividamento alto. “Quando compramos a Brasil Ferrovias, em 2006, nossa alavancagem era de quatro vezes o Ebitda.” O prazo médio da dívida é de cinco anos. Em agosto, o cofre engordou. A companhia fez uma captação de R$ 500 milhões em debêntures, que deverão ser resgatadas em nove anos.

, Fora dos trilhos, Capital Aberto


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