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Desde o momento zero
Com ajuda do Floripa Angels, Bookess saiu do papel para atuar no segmento de livros digitais. Agora, planeja parcerias com Apple e Amazon

, Desde o momento zero, Capital Aberto

 

Quando Marcos Passos se trancava em seu quarto, a família ficava preocupada. A mãe achava que ele perdia tempo com jogos. A tia pensava que ele era hacker. Ambas ficaram surpresas, porém, quando Passos recebeu um cheque de US$ 2 mil do Google. O dinheiro foi obtido por meio do Google AdSense, programa de publicidade em que donos de websites se inscrevem para exibir anúncios e recebem um valor pela quantidade de cliques ou de visualizações. Passos tinha, na época, uma página de desenhos japoneses na internet. Com o dinheiro na mão, decidiu investir, em 2009, num negócio próprio: uma plataforma de autopublicação editorial que divulga e comercializa conteúdos digitais. Seu nome seria Bookess.

Passos tinha 19 anos na época. Apesar da pouca experiência, sabia que, para ganhar dinheiro com o projeto, seria essencial ter mais recursos. Seu objetivo era convencer as grandes editoras a usarem a plataforma da Bookess para publicar livros virtuais, mas chegar até elas sozinho não parecia uma tarefa fácil. Foi aí que Passos lembrou ter lido numa revista sobre os investidores anjos. E resolveu ir à caça de um. Desenvolveu um plano de negócios com dez páginas e bateu à porta de cinco fundos de investimento do tipo. Recebeu o sinal verde do Floripa Angels, um grupo de 15 associados que aplica até R$ 1 milhão em empresas inovadoras de tecnologia. A Bookess é, até agora, o único negócio em que o Floripa Angels detém participação.

No seu plano de negócios, o jovem salientava o futuro do segmento de livros. Segundo a consultoria Global Industry Analysts, a venda de livros e leitores digitais teria potencial de gerar mundialmente algo como US$ 9,5 bilhões em receitas no ano de 2011. No Brasil, porém, esse nicho mal gera vendas. As editoras nacionais produzem várias obras, mas poucas ainda são comercializadas no formato de livros digitais. Além disso, na visão de Passos, as editoras pecam por não ter uma forte interação com leitores e escritores no mundo virtual. Diante desse cenário, a Bookess pretendia transformar a sua plataforma numa comunidade literária, em que os participantes avaliassem as obras disponíveis.

Para receber o aporte e o apoio do Floripa Angels, Passos teve de mudar do Rio de Janeiro para Florianópolis. O fundo só investe em projetos em um raio de até 200 quilômetros de distância da capital catarinense. O Floripa Angels não revela qual fatia acionária detém na empresa, mas sua política é comprar participações minoritárias que variam entre 15% e 49%.

O início da Bookess não foi fácil. As grandes editoras brasileiras se mostraram reticentes à ideia de Passos e não toparam publicar seus acervos no site. Foi nessa hora que o apoio do Floripa Angels se revelou fundamental. Juntos, empreendedor e investidores anjos elaboraram um plano B para o negócio. A principal mudança foi a de público-alvo. A Bookess deixou de lado %u2014 pelo menos, temporariamente %u2014 a ideia de convencer editoras a adotarem a plataforma e passou a mirar os autores independentes, o que exigiu que desenvolvesse uma tecnologia de criação de livros digitais. Os autores têm a opção de divulgar o livro pelo site, abrindo o seu conteúdo, ou de vendê-los. Neste último caso, a Bookess é remunerada pela intermediação.

Hoje, o acervo da Bookess conta com 9 mil obras e 17 mil cadastros. A maioria das publicações pertence a autores independentes. Passos, contudo, continua com o intuito de conquistar as grandes editoras, por isso negocia, atualmente, o fornecimento de sua plataforma para uma estrangeira. A tecnologia da Bookess permitirá que a editora produza livros digitais, disponibilize capítulos das obras pela internet e crie canais de interação com os leitores, que poderão avaliar as publicações e fazer comentários. Se o negócio for fechado, a Bookess enxerga, inclusive, a possibilidade de ser comprada por essa editora. %u201CNo Brasil, o desinvestimento ainda está muito ligado à venda para um sócio estratégico. Nos Estados Unidos, há a figura do anjo e, depois, do venture capital. Aqui é muito difícil atrelar os dois elos%u201D, analisa Marcelo Cazado, fundador e diretor executivo do Floripa Angels.

Paralelamente à negociação, a Bookess trabalha para fechar outras parcerias com empresas internacionais. Está conversando com a Apple para disponibilizar livros cadastrados em seu acervo no iTunes e, em breve, se reunirá com a Amazon, maior livraria virtual do mundo, para disponibilizar no acervo da empresa norte-americana alguns livros de seus autores independentes.

O ingresso do Floripa Angels na Bookess também colaborou para a profissionalização da gestão. A empresa conta com um conselho de administração, formado por Passos e quatro investidores, que se reúne mensalmente para discutir estratégias. Em 2010, primeiro ano de funcionamento da Bookess, a receita somou R$ 25 mil. Em 2011, atingiu R$ 200 mil. A expectativa de Passos e do Floripa é que essa cifra se multiplique se o contrato com a editora estrangeira e os acordos com a Apple e a Amazon vingarem.


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