Nove aprendizados de um fundo precursor em investimento semente
04/08/2015

 

 

, Nove aprendizados de um fundo precursor em investimento semente, Capital Aberto

Frederico Rizzo*/ Ilustração: Julia Padula

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Nos últimos cinco anos, o volume de investimento semente em startups – aquela fase entre a grana dos familiares/amigos e o cheque gordo dos fundos de venture capital – aumentou aproximadamente 10 vezes nos Estados Unidos, com pelo menos US$ 4 bilhões destinados a 6 mil novos negócios. Ainda que boa parte desse crescimento se deva às mudanças na legislação que proporcionaram o surgimento do equity crowdfunding, também o número de fundos semente explodiu no período.

 

print26Desde 2005 focado exclusivamente nesse tipo de rodada – cujo aporte médio oscila entre US$ 100 mil e US$ 2 milhões – o First Round foi um dos primeiros investidores institucionais a se arriscar nessa difícil tarefa de acertar quais startups terão sucesso logo nos seus primeiros meses de vida. E embora tal prática seja muito mais arte do que ciência, o fundo teve a disciplina para coletar e analisar os dados dos 300 investimentos realizados ao longo do período.

O resultado desse exercício está resumido nos nove tópicos abaixo e revela algumas lições surpreendentes:

1. Fundadoras mulheres performam melhor do que seus pares homens: bem, aqui talvez não haja grande novidade (risos). Todos sabem que diversidade e multidisciplinariedade contribuem para um melhor desempenho. Além disso, o caminho para as mulheres se tornarem empreendedoras e ainda conseguirem capital dos melhores profissionais do setor é tão mais difícil do que o dos homens, que estas poucas mulheres devem mesmo ser mais inteligentes e competentes. O fato é que na amostra do First Round as empresas com pelo menos uma mulher entre os fundadores obtiveram um desempenho 63% superior do que aquelas com apenas homens na equipe!

2. Em startups, a sorte favorece os mais jovens: as equipes com fundadores com idade média inferior a 25 anos (no momento do investimento) tiveram resultado 30% acima da média. Da mesma forma, enquanto a idade média dos fundadores como um todo hoje é de 34,5 anos, a média das top 10 startups é de 31,9 anos. Ao que tudo indica, assim como nos esporte e entretenimento, a gurisada leva vantagem.

3. A faculdade faz a diferença: as equipes nas quais pelo menos um dos fundadores estudou nas escolas de elite americanas (Ivy League, Stanford, MIT e Caltech) representaram 38% dos investimentos do fundo e registraram resultados 220% melhores que as demais.

4. A experiência profissional também: as startups nas quais pelo menos um dos fundadores é egresso de empresas como Amazon, Apple, Facebook, Twitter, Google e Microsoft performaram 160% acima das demais. Além disso, enquanto a faculdade não teve grande impacto sobre a valorização das startups antes do investimento, aquelas com equipes oriundas dessas grandes empresas de tecnologia e mídias sociais conseguiram preços 50% superiores em relação aos seus pares. Claramente as competências e redes de relacionamento absorvidas nessas experiências fazem a diferença.

5. Investidores pagam menos por empreendedores de primeira viagem: embora a experiência seja importante, não foi possível comprovar superioridade no desempenho dos times que já haviam criado uma empresa antes versus aqueles que o faziam pela primeira vez – principalmente porque o preço das startups com fundadores experientes foi em média 50% mais caro do que as demais.

6. Startups com um único fundador tem pior desempenham: embora isso não seja propriamente uma novidade, o que os dados do First Round apontam é uma superioridade de 163% das empresas com mais de um fundador – mesmo considerando uma valorização 25% superior destas startups. O número ideal, segundo a amostragem, foi de dois fundadores.

7. Co-fundadores técnicos não são tão críticos para B2C: apesar da grande ênfase usualmente dada à presença de um co-fundador técnico na equipe, o que os dados do First Round mostraram é que este perfil faz muita diferença para negócios B2B (com performance 230% superior aos demais), mas não favorece os negócios voltados ao consumidor final. Na prática, as startups B2C com pelo menos um fundador técnico tiveram desempenho 31% pior do que àquelas sem um membro técnico entre os fundadores.

8. É possível vencer fora dos grandes tech hubs: ao contrário do esperado, as empresas investidas fora de São Francisco e Nova York não apresentaram resultados significativamente inferiores às demais – pelo contrário, tiveram performance ligeiramente superior (1,3%). Novamente, é possível que isso seja reflexo do preço mais alto pago pelas empresas sediadas nesses dois grandes centros tecnológicos.

9. A próxima grande startup pode vir de qualquer lugar: esse foi certamente o dado mais impressionante. Ao contrário da crença generalizada entre os profissionais da indústria de que as melhores oportunidades de investimento chegam através de recomendações, o que a análise dos dados demonstrou é que os negócios descobertos por outros canais – Twitter,

Demo Days, etc. – tiveram performance 58,4% superiores. E mesmo nos casos nos quais os fundadores contataram o fundo diretamente: essas startups tiveram resultados 23% melhores.

No Brasil ainda vai demorar para tirarmos lições como essas, seja pela pouca maturidade da nossa indústria como pela falta de planejamento e escala de experiências anteriores. Recentemente, entretanto, soube que o programa federal Startup Brasil tem feito um bom trabalho nesse campo, coletando uma série de métricas das cerca de 200 startups apoiadas até hoje. Parte desse estudo foi divulgado pela Associação Brasileira de Empresas Aceleradoras de Inovação e Investimento (ABRAII), que certamente tenderá a aprofundar suas análises com tempo.

O que me entusiasma no exemplo do First Round é imaginar um futuro no qual os empreendedores brasileiros também tenham múltiplos canais para apresentar seus negócios e contem com investidores estruturados e especializados na fase inicial de uma empresa.

Se você já investiu em startups, compartilhe comigo seus principais aprendizados!


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