Quem participou da 13ª conferência anual do International Corporate Governance Network (ICGN) — associação internacional de investidores institucionais que trabalha pelas boas práticas de governança corporativa — testemunhou uma postura bastante ativa dos representantes brasileiros. Ao final do encontro, foi realizada a assembléia anual do órgão, em que um grupo brasileiro se opôs a uma proposta de que os conselheiros de administração do ICGN ganhassem, além do salário, uma participação em ações. “Isso pode alinhar os conselheiros muito no curto prazo com a companhia, fazendo-os perder a independência”, opina Herbert Steinberg, presidente da consultoria Mesa Corporate Governance, que esteve presente no evento. No fim, a posição brasileira foi acatada, e o ICGN se posicionou contrariamente ao tema.

No congresso — realizado em Seul (Coréia do Sul), entre os dias 18 e 20 de junho —, especialistas discutiram pontos que serão em breve compilados num relatório. O impacto do subprime nos mercados globais, conta Steinberg, foi um dos temas de destaque. O debate concluiu que os problemas advindos do calote hipotecário norte-americano não foram frutos de má governança. “O problema decorreu de investidores que subestimaram o risco de alavancagem embutido na operação. Quando se perde o limite do risco, não há governança que segure”, conta.

Sobre a convergência regulatória de boas práticas, o entendimento foi de que as diferenças devem ser respeitadas. “Os países têm graus de risco e ambientes de governança distintos. Para se ter segurança em determinado investimento ou país, não precisamos necessariamente adotar o mesmo código”, afirma o presidente da Mesa.

Além de Steinberg, representaram o País Mauro Cunha, sócio da Mauá Investimentos e presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC); José Luiz Osório, sócio da Jardim Botânico Partners; José Guimarães Monforte, sócio da Pragma Patrimônio; e Sandra Guerra, sócia-diretora da Better Governance.