O fundo hedge Steel Partners, sediado em São Francisco e com mais de US$ 2 bilhões sob gestão, conseguiu uma vitória histórica no Japão: a rejeição da reeleição de sete conselheiros de administração — incluindo o presidente do conselho e atual CEO da companhia Takayoshi Okamoto — em uma assembléia de acionistas.

O fato ocorreu na Aderans Holdings, a maior e mais tradicional companhia japonesa do inusitado setor de fabricação de perucas. O evento é considerado épico por ter sido a primeira vez que um investidor estrangeiro teve sucesso na remoção de administradores por mau desempenho no Japão. De acordo com Hidehiro Utsumi, sócio do escritório Allen & Overy LLP em Tóquio, em entrevista à agência Bloomberg News, “daqui em diante, as empresas japonesas irão prestar atenção aos seus acionistas”.

Para a revista Forbes, entretanto, o caso da Aderans não pode ser considerado representativo do ambiente corporativo japonês, já que, diferentemente da maioria das empresas do país, mais de 50% de suas ações são de posse de investidores estrangeiros. Contribuiu também o fato de a Steel Partners ter 27% das ações da companhia, o que aumentou seu “poder de fogo” na assembléia. De acordo com o fundo, a deposição dos conselheiros foi resultado do fraco desempenho da Aderans nos últimos cinco anos. O lucro da empresa apresentou uma queda de 90% nos últimos dois anos — de US$ 58 milhões em 2006 para apenas US$ 5,6 milhões em 2007. Além disso, a companhia perdeu 40% do seu valor de mercado em 2007.

Após a decisão inédita de remoção dos conselheiros, as ações da companhia dispararam, com uma valorização de 19% em dois dias, a maior dos últimos oito anos. Além disso, de acordo com a agência Bloomberg, as ações de outras 30 empresas japonesas com participação acionária da Steel Partners também se valorizaram, sinalizando a expectativa de novas conquistas por parte dos investidores ativistas.