Em 2025, completam-se 20 anos da criação do termo ESG, sigla que simboliza a prioridade dada a aspectos ambientais, sociais e de governança nos mercados financeiro e de capitais. Ao longo dessa trajetória, as três letras gradualmente deixam o status de tendência para se firmar com uma revolução no mundo dos investimentos, a começar pela Europa. Segundo pesquisa da consultoria e auditoria PwC, até 2025 a onda sustentável pode guiar quase 60% dos fundos de investimento europeus.
A PwC estima que, ao longo dos próximos cinco anos, a fatia de fundos ESG deve dominar algo entre 5,5 trilhões de euros e 5,6 trilhões de euros, valor que representa entre 41% e 57% do mercado de fundos mútuos do continente. Mesmo no cenário mais conservador, a consultoria afirma que a ótica ESG está prestes a se tornar a abordagem padrão para os gestores de fundos europeus. Ao final de 2019, o setor ESG contava com uma representatividade de 15,1% na indústria de fundos, valor que deve crescer a uma taxa de 28,8% ao ano.
Por que a Europa?
Atualmente, a Europa já domina o mercado global de fundos de investimento ESG, oferecendo 4.741 produtos — que, juntos, representam 70% dos ativos globais associados à sigla. Segundo a PwC, a proliferação desses fundos no velho continente se justifica por uma combinação de fatores que envolve mudanças sociais, pressão dos reguladores e demanda de investidores. “À medida que os formuladores de políticas europeias impõem regulamentações decisivas e abrangentes, o ESG também continua a apresentar desempenho superior [aos demais produtos] e a demanda dos investidores cresce”, afirma o relatório.
A pesquisa mostra que o maior impulso vem dos investidores institucionais, que reagem ao aumento da pressão dos formuladores de políticas públicas e se mostram cada vez mais adeptos à sustentabilidade. Um dos exemplos é o European Green Deal, aprovado ao final de 2019. O acordo apresenta uma série de ações para incentivar o investimento sustentável, incluindo facilitar para os investidores a identificação de produtos e ativos verdes e garantir a sua credibilidade. Entre as iniciativas, foi criado um guia padronizado para investimentos em green bonds, o EU Green Bond Standard (GBS).
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Na outra ponta da cadeia, os investidores institucionais também experimentam uma pressão crescente de seus clientes para incorporar padrões ESG em suas ofertas de fundos, tanto por uma mudança cultural quanto por razões puramente financeiras. Isso porque a crença amplamente difundida no mercado de que a sustentabilidade exigiria um sacrifício de retornos está caindo por terra. A rentabilidade do viés sustentável vinha se confirmando ao longo dos últimos anos, e foi validada também pela pandemia de covid-19. Análise feita pela Bloomberg revela que a média de retorno dos fundo ESG diminuiu 12,2% com a crise em 2020, menos da metade do declínio do S&P 500, um dos mais importantes índices da bolsa americana.
Contradição entre os fundos ESG
Algumas arestas, no entanto, ainda precisam ser aparadas. A pesquisa conduzida pela PwC mostra um descompasso no discurso dos gestores de recursos. Entre os entrevistados, 37% estão dispostos a pagar um prêmio por produtos ESG e 77% planejam parar de investir em ativos não compatíveis com esses critérios já nos próximos dois anos. Por outro lado, apenas 14% desses gestores já planejam deixar de lançar produtos próprios que não sigam os padrões ESG durante o mesmo período. O relatório da consultoria também afirma que, apesar dos avanços, a agenda ESG precisa ser implementada ainda mais rapidamente para que a Europa aproveite o que o relatório classifica de “oportunidade do século”.
O estudo foi feito com base nas respostas de 200 gestores de ativos, 300 investidores e cerca de 800 investidores de varejo.
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