O Bitcoin bateu nesta terça-feira a cotação em dólar mais alta da história, chegando à casa dos US$ 69 mil, segundo dados do site Coinmarket e de plataformas de negociação como a Coinbase e Kraken. Até então, o maior valor havia sido registrado em novembro de 2021, de U$ 68,7 mil – ocasião em que a criptomoeda também teve o preço mais elevado em real (R$381 mil). O recorde veio um dia depois de outra marca inédita. Na segunda-feira, o bitcoin atingiu a maior capitalização de mercado já apurada, com US$ 1,306 trilhões, superando a casa do US$ 1,3 trilhão pela primeira vez desde dezembro de 2021.
Três fatores impulsionam – e devem continuar impulsionando – a escalada do bitcoin: o início da operação de ETFs de criptomoedas nos Estados Unidos; a perspectiva de redução dos juros americanos, e o chamado halving, programado para maio, que causará escassez programada no ativo. A avaliação é compartilhada pelos especialistas consultados pela Capital Aberto: José Artur Ribeiro, CEO da corretora Coinext; André Franco, analista do Mercado Bitcoin (MB); e João Marco Cunha, diretor da Hashdex, gestora de fundos de criptomoedas.
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Na avaliação de Ribeiro, o maior responsável pela alta foi o farol verde da SEC, no fim de janeiro, para o lançamento de 11 ETFs de bitcoin nos Estados Unidos. Um mês depois, segundo a Bloomberg, os fundos da categoria já haviam atraído mais de U$ 4,2 bilhões em novos fluxos líquidos. E, na avaliação do analista da Bloomberg Intelligence James Seyffart, os recursos devem continuar chegando, com mais U$ 10 bilhões neste primeiro ano de operação.
“A criptomoeda ganhou 50% em 2024, com a maior parte do aumento nas últimas semanas, quando os fluxos de entrada para fundos de Bitcoin listados nos EUA aumentaram”, afirma Franco. “Os gestores americanos não querem ficar de fora, e a demanda dos ETF está vencendo todas as minhas melhores expectativas”, continua.
Menor oferta, maior demanda
“Ainda temos o halving se aproximando, evento que, historicamente, sempre teve impacto positivo sobre o preço do bitcoin”, acrescenta Cunha. A cada quatro anos, no halving, a quantidade de bitcoins oferecidos como recompensa aos ‘mineradores’ da criptomoeda é cortada pela metade. Com a redução das emissões, a tendência é de alta no valor do criptoativo. Diante disso, segundo Franco, o aumento na cotação da moeda em março já era esperado por conta do “ambiente de curiosidade e antecipação aos investidores criado pelo halving.”
Ribeiro complementa: “A redução de oferta, combinada ao choque drástico de demanda por parte dos ETFs, vai impulsionando as cotações nos próximos meses”. Na sua avaliação, o interesse dos ETFs crescerá com a esperada queda dos juros americanos, que deve despertar o apetite dos investidores para maiores riscos. “Se aplicarem uma pequena parte do portfólio em criptomoedas, seja 1 % ou 2%, já é muito dinheiro, trilhões de dólares”, afirma o CEO da Coinext.
Apesar de apostar na continuidade da alta forte, com o bitcoin batendo a casa dos US$ 100 mil no fim do ano, ele não descarta a ocorrência de quedas no caminho. Na terça-feira mesmo, depois de bater a casa dos US$ 69 mil, a moeda era negociada, no início da noite, a US$ 63,5 mil – recuo de 8%. “A cotação histórica não foi registrada em todas corretoras, e não é possível descartar que, em parte, também tenha sido resultado de certa especulação e atuação de robôs nas plataformas”, diz. “Mas também é natural que, depois de toda grande ascendência, existam correções”, acrescenta. “O fato é que ainda temos muito chão, muito espaço para altas e muito dinheiro para vir para este mercado.”
Franco, do MB, pensa parecido: “Espero – e acho provável – que o bitcoin chegue aos US$ 100 mil no fim do ano, com o contexto que a gente tem hoje”. Na sua previsão, outros criptoativos também devem se beneficiar da tendência. “Começa-se a falar bastante das altcoins, que são todas as moedas que não são bitcoin”, finaliza.
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