O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta quinta-feira que o banco central está “atento” aos recentes dados econômicos que mostram um crescimento econômico resiliente e demanda por mão-de-obra.

Powell também disse que, se essa tendência continuar, pode ser necessária a realização de mais “aumentos” nas taxas de juros.

Segundo o chefe do Fed, a inflação continua em uma tendência de queda, que se manteve em setembro, embora os dados desse mês tenham sido “menos encorajadores”.

Juros nos EUA

Apesar dos alertas, Powell também afirmou que o Fed está “atuando com cautela”.

É a primeira fala mais longa de Powell depois do início do atual confronto entre Israel e palestinos e a duas semanas da próxima reunião do Fed.

O discurso de Powell chegou a ser interrompido por um protesto realizado por duas mulheres, aparentemente ativistas do clima, mas foi retomado em seguida.

Depois de uma série de declarações consideradas moderadas por diretores do banco central americano, a expectativa era por indicações de Powell sobre o rumo da taxa de juros americana.

Imediatamente à fala de Powell, o mercado inverteu a tendência da manhã: os juros dos títulos da dívida americana recuaram e as bolsas passaram a subir.

Cenário nebuloso

O quase consenso do mercado, que se intensificou nos últimos dias, é de que não deve haver alta em novembro. Também houve uma queda nas expectativas de alta em dezembro.

Christopher Waller, um dos diretores da Fed considerados mais duros, sugeriu que, para aumentar as taxas em dezembro, o Fed precisaria ver tanto a economia em expansão quanto a inflação se estabilizando ou acelerando.

Nesta quinta-feira, o banco britânico  Barclays, por exemplo, que tinha uma posição mais conservadora, e acreditava em alta em novembro, mudou essa previsão para dezembro.

Os dados econômicos nos Estados Unidos continuam apontando em sentidos opostos, o que deixa o cenário ainda mais nebuloso..

Nesta quinta-feira, os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos caíram para o nível mais baixo desde janeiro, o que sinaliza uma continuação do aquecimento do mercado de trabalho.

Por outro lado, as vendas de casas usadas atingiram o nível mais baixo desde 2010, reflexo do encarecimento dos financiamentos imobiliários provocado pela alta dos juros.