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Mais confiantes e informados, investidores de varejo diversificam aplicações
Tendência de aplicar em várias classes de ativos deve continuar mesmo com a alta dos juros
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Imagem: Freepik

Uma situação impensável há poucos anos está se materializando no Brasil: os investidores pessoa física vêm se informando cada vez mais sobre suas aplicações, diversificando-as e traçando planos de médio e longo prazos. Nem mesmo o ciclo de elevação dos juros iniciado neste ano, e que deve se estender ainda até meados de 2022, deve interromper essa tendência. É o que esperam Tereza Kaneta, sócia da Brunswick, Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes da B3, e Paloma Brum, analista de investimentos da Toro. Os três participaram do encontro “Prontos para lidar com o investidor de varejo?”, realizado em 17 de novembro, na Conexão Capital, sob o patrocínio da Brunswick.

Alguns dados e observações do mercado embasam a expectativa positiva dos especialistas. No início de outubro, a Brunswick realizou uma pesquisa com 300 investidores que levantou números animadores: 58% dos investidores entrevistados afirmaram estar investindo mais do que no passado; 84% disseram estar confiantes com relação às suas decisões sobre investimentos; 77% acreditam ter conhecimento moderado a alto sobre investimentos; e 80% estariam dispostos a aplicar ainda mais se dispusessem de mais informações. Além disso, 67% planejam reinvestir o retorno de suas aplicações: “Eles estão formando o hábito de investir”, afirma Kaneta.

A renda fixa lidera as aplicações dos investidores da amostra: 71% deles aplicavam nessa classe de ativos, 54% em caixa (conta corrente e aplicações de curto prazo), 39% em criptomoedas, 33% em fundos imobiliários, 28% em ações e 14% em moedas. A diversificação é maior entre os mais jovens, que viveram por menos tempo num país que beneficiava o rentismo na época dos juros elevados.

“Para as novas gerações, a dicotomia entre renda variável e renda fixa não existe”, afirma Paiva. Ele considera que os mais jovens já começam a investir com a compreensão de que há diferentes classes de ativos, separando ações, recursos para a reserva de emergência, para renda fixa, criptomoedas e investimentos no exterior.

O diretor da B3 diz que, antes, havia a crença de que as pessoas sairiam da bolsa para a renda fixa se houvesse um movimento forte de elevação dos juros. Mas não é o comportamento que vem sendo observado até agora, apesar de a taxa ter saído de 2% no início do ano para os atuais 7,75%, e da expectativa do mercado de que ela esteja pelo menos três pontos percentuais mais alta em 2022 (a meta da Selic projetada pelo mercado está em 11,25% ao ano).

Paiva nota que a bolsa vem registrando a entrada de novos CPFs e que as pessoas continuam colocando recursos de forma diversificada e recorrente. Outra tendência é a redução do tíquete médio dos primeiros investimentos, que era de 5 mil reais em 2015 e hoje está em 200 reais. O diretor lembra que antes o investidor aplicava em apenas uma ação, e que atualmente tem, em média, cinco investimentos (considerando todos os ativos listados na bolsa, inclusive fundos imobiliários).

“Esse caminho não tem volta, mesmo com os juros mais altos. As pessoas já conheceram as possibilidades de rentabilidade da renda variável”, afirma Brum. A analista diz que o trabalho da Toro tem sido para educar os investidores, de forma que eles percebam que é necessário pensar a longo prazo em vez de tentar acertar a onda do momento, pois as chances de errar o timing são grandes. Para ela, sair da renda variável e migrar para a renda fixa atualmente pode até trazer ganhos de curto prazo, mas a estratégia tende a ser perdedora no longo prazo, se o Brasil voltar a crescer.

O trabalho educacional das corretoras, a profissionalização dos intermediários, a cobertura por parte da imprensa especializada e o papel dos influenciadores de investimento contribuíram bastante para o atual patamar do mercado, considera Paiva – que não esquece de citar também a contribuição trazida pela queda dos juros de 2016 até o início de 2021.

Obstáculos

Ainda há, no entanto, vários desafios relacionados à comunicação com as pessoas físicas para que se continue avançando. A pesquisa da Brunswick mostrou que 88% dos investidores gostariam de ter acesso a informações mais claras e diretas e 68% desejariam uma comunicação simplificada. Kaneta considera que os investidores buscam clareza, transparência, facilidade de acesso e confiança — e não apenas dicas ou insights de investimento. Em relação às empresas, ela lembra que os investidores desejam informações mais acessíveis, sites atualizados e a utilização de perfis em redes sociais para compartilhar conteúdos. “A informação que complica dá a impressão de que se está escondendo alguma coisa”, diz Kaneta.

Brum considera que a melhoria da comunicação das empresas com os investidores acaba tendo efeitos positivos sobre o mercado como um todo – inclusive para os institucionais e os analistas, que otimizam o tempo necessário para decodificar e avaliar os comunicados das companhias. A boa comunicação traz ganhos também para os emissores, uma vez que o investidor se sente mais confiante e seguro quando consegue entender os negócios das empresas e projetar seus desempenhos.

A confiabilidade das fontes de informação foi apontada como o mais importante fator para a tomada de decisão de investimento por 75% dos pesquisados. Em seguida, veio a facilidade e a acessibilidade das informações, citada por 41%. “Apesar de ter aumentado bastante o acesso às mídias sociais como fonte de educação e conhecimento, ela é considerada a menos confiável para a tomada de decisão”, nota a executiva. A imprensa especializada em finanças é consultada por 50% dos investidores e está em segundo lugar no quesito confiabilidade, atrás dos consultores de investimento.

Paiva lembra que o Brasil ainda tem um potencial muito grande de novos investidores. Na B3, há 11 milhões de pessoas investindo em ativos de renda fixa e variável. Mas ainda há 20 milhões de pessoas com saldo superior a 5 mil reais na caderneta de poupança. Parte do segredo para atrair esse novo público pode estar numa comunicação mais simples, acessível e transparente do que esta que conhecemos atualmente.



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