Estruturas societárias com controle definido já estão em dois terços das companhias listadas no leste da Ásia e vêm se tornando cada vez mais populares no mercado americano. Esse foi o ponto de partida de um estudo publicado em agosto pelo acadêmico Albert H. Choi, da faculdade de direito da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. Ele concluiu que muitas das críticas feitas à presença de um controlador são simplistas e que a busca de benefícios particulares, em alguns casos, pode ser vantajosa para as companhias (e seus minoritários) no longo prazo.
Caracterizam-se os chamados benefícios particulares quando o controlador toma decisões que não atendem os interesses da companhia, e sim os dele próprio — como, por exemplo, doar parte dos lucros da empresa para a universidade em que se formou em vez de distribuí-los sob a forma de dividendos ou fazer um reinvestimento. Mas como isso pode ser bom? Segundo Choi, muitas vezes, se o controlador consegue obter com o negócio gratificações que vão além do incentivo financeiro, ele tem mais motivação para se comprometer com a continuidade da companhia no longo prazo, o que acaba sendo bom para a empresa e seus acionistas. Sem esse envolvimento, é possível que ele simplesmente venda suas ações ao receber uma boa proposta. O acadêmico ressalva, é claro, que nem todos os benefícios particulares têm esse lado bom.
Em um texto publicado no blog de governança corporativa da faculdade de direito de Harvard, Choi explica por que se interessou por estudar o assunto. Apesar do argumento comum de que controladores abusam de sua influência e tomam atitudes que não beneficiam a empresa, muitas corporações tradicionais e bem-sucedidas, como BMW, Fiat, Lego e Samsung, têm um sócio majoritário. Companhias como Google e Facebook, por exemplo, garantem o controle por meio da existência de duas classes de ação: uma delas, que fica nas mãos dos fundadores da companhia, tem direito a mais votos que a outra. Apesar do flagrante desequilíbrio entre poder econômico e poder político, tais empresas têm conseguido gerar bons resultados a seus acionistas minoritários. Sinal de que a realidade não é tão simples quanto pensam os críticos do controle acionário, afirma Choi.
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