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No M&A, expectativa é de apenas transações estratégicas
Por conta do ambiente econômico adverso, as empresas têm optado por realizar operações que ajudem o caixa ou possa dar alguma relevância no setor de atuação, segundo especialistas consultados
Marcela Ejnisman, corresponsável pela prática de societário e fusões e aquisições do TozziniFreire
Marcela Ejnisman, corresponsável pela prática de societário e fusões e aquisições do TozziniFreire

A gangorra econômica que estamos vendo ao redor do globo tem refletido em vários setores da indústria, como fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) por conta da dúvida dos investidores em saber se é a hora de alocar recursos em operações deste tipo. No Brasil, além do impacto dos juros altos por mais tempo no Estados Unidos, a economia vem se deteriorando após ruídos do governo sobre a necessidade ou não do corte de gastos para cumprir a meta fiscal.  

Com esse cenário adverso, o grande destaque de M&A no país tem sido, pelo menos, por enquanto, de operações estratégicas, seja pela necessidade de dinheiro em caixa, ou porque a operação em questão pode dar alguma relevância para determinada companhia no setor de atuação.

Um levantamento elaborado pela consultoria e auditoria PwC Brasil, a qual a Capital Aberto teve acesso, mostra que as fusões e aquisições em solo brasileiro tiveram uma baixa de 6,21% em 2022 na base anual, para 1,556 mil transações, enquanto em 2023 a queda foi ainda maior, de 17,29%, considerando o ano imediatamente anterior, para 1,287 mil operações.


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Em termos quantitativos, o líder de M&A para Brasil e América do Sul da KPMG, Marco Almeida, explica que a queda das operações em 2023 e neste ano está muito ligada à redução do venture capital (capital de risco) que vem do exterior. “Era um quantitativo relevante, até porque, a cada transação você tinha de dois a três fundos de venture capital entrando”.

Aliado a isso, a retração também é fruto da inatividade de oferta pública inicial de ação (IPO) na B3, fazendo com o que as empresas foquem no crescimento inorgânico. “Esses fatores têm impactado estruturalmente no volume. A quantidade geral caiu mais no primeiro trimestre quando comparado ao mesmo período do ano passado”, conta Almeida.

Para se ter uma ideia, os dados da KPMG apontam que o número total transações somou 350 no primeiro trimestre do ano, uma queda de 8% ante o mesmo intervalo de 2023. Por segmento, a queda mais expressiva no período é do setor de saúde, que recuou 62% na comparação anual, para apenas cinco operações.

De modo geral, os números evidenciam uma alta no volume de transações na maioria dos setores na base trimestral de comparação. Entretanto, é importante ressaltar que, em números absolutos, as operações estão num patamar muito baixo quando comparado a anos anteriores.

O setor de fertilizantes, por exemplo, que teve um crescimento de 100% registrou apenas uma transação a mais no primeiro trimestre de 2024, saindo de uma para duas. Imobiliário e supermercados são os segmentos que tiveram o maior aumento no número de operações, passando de oito para 15 e três para sete, nesta ordem, o que comprova a tese defendida pelos especialistas de que as transações aconteceram mais por questões estratégicas do que qualquer outra coisa.  

“Acho que a gente tinha uma expectativa de crescimento mais acelerado da economia, o que contribuiria para o volume de transações. A tendência é continuar (crescimento) moderado, uma vez que os fundos estrangeiros diminuíram o aporte. Mas tem estrangeiros entrando. Há os dois fluxos, de saída e de entrada”, analisa Almeida.

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A corresponsável pela prática de societário e fusões e aquisições do TozziniFreire, Marcela Ejnisman,tem a mesma percepção sobre o ano de 2024 para M&A. Na avaliação da advogada, a indústria não tem se comportado como se imaginava no começo do ano, mas ela lembra que o início de uma operação e o fechamento pode demorar até 6 meses. “Os resultados das operações que estamos trabalhando devem acontecer no final do ano, por exemplo”.

Segundo ela, o setor de varejo e de tecnologia estão andando, com players de games querendo vir para o Brasil. Para Marcela, essas operações acontecem porque as empresas entendem ser um mercado estratégico, que independe de qualquer questão política.

“Elas (empresas) são pautadas pela necessidade do mercado e a situação da indústria”, explica a corresponsável pela prática de societário e fusões e aquisições do TozziniFreire.

Na dianteira dessas operações, Marcela cita os setores de saúde, educação, mineração, construção e varejo. Inclusive, o TozziniFreire participou de operações recentes, como o Magazine Luiza e o AliExpress, e da venda dos postos de combustíveis do Pão de Açúcar para o Grupo Ultra.

Já o líder de M&A para Brasil e América do Sul da KPMG cita grandes operações como forma de evidenciar que estão acontecendo movimentações nesse mercado. Como exemplo, o executivo menciona os setores de alimentos e bebidas, com o fundo 3G, de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, saindo da Kraft Heinz, além da rede de supermercados Dia que deixou o Brasil, e o BTG Pactual que comprou galpões logísticos, dentre outros.

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“O setor de tecnologia estava um pouco parado, mas estamos vendo uma retomada, estamos sendo procurados. No final do ano, vamos ver uma quantidade razoável de operações”, comenta Marcela.

O outro lado do jogo

Embora alguns acreditem que a situação do setor ainda possa melhorar em 2024, outros estão mais desanimados e estimam uma queda de quase 20% no número de transações em M&A quando comparado ao ano passado.

“Não acho radicalismo (a queda). Isso bate com o consenso do mercado”, ressalta o sócio fundador da Fortezza Partners, Denis Morante, que atua fortemente na assessoria financeira estratégica de M&A. 

Na visão de Morante, as empresas estão em um momento bom, mas o ambiente macroeconômico atual é desestimulante por conta do disse que me disse do governo sobre questões importantes, como a reoneração ou não da folha de pagamento. “Estamos colhendo isso (contradições) na ponta. As transações estão diminuindo e o Rio Grande do Sul fora do jogo também ajuda nessa redução”.

Mesmo com o curto prazo negativo, a expectativa de futuro é que a demanda por M&A aumente porque o Rio Grande do Sul deve voltar a ter transações, principalmente no agronegócio, já que as operações que poderiam acontecer por lá não estão acontecendo por causa da tragédia, de acordo com o sócio fundador da Fortezza Partners.


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