Quando o assunto são histórias de IPO, é preciso admitir: aquelas de empresas pré-operacionais são as mais saborosas. Não há quem não se impressione ao ver que projetos restritos a um calhamaço de folhas de papel, lastreados apenas na credibilidade, no talento e na astúcia de seus empreendedores, podem ser vendidos em bolsa de valores a preços de matar de inveja os proprietários de firmas carregadas de ativos.

Nas empresas que se listam em bolsa vendendo (só) um projeto para o futuro, os ativos são outros. É indispensável que, por trás das apresentações PowerPoint, existam líderes com histórias reais de sucesso. Para compensar o risco, o negócio escolhido tem de ser altamente promissor e do tipo capaz de gerar grandes montas de faturamento. Mais do que isso, o projeto tem de ser convincente o bastante para fazer investidores acreditarem que toda aquela receita vai aparecer, de fato, no caixa da companhia — e, principalmente, que vai se converter em lucro na última linha do balanço.

Ambição, como se vê, é insumo básico em empreitadas como essas. Por isso, nelas tudo é grande. A Invest Tur, dedicada a empreendimentos de lazer, vendeu suas ações a R$ 1 mil cada. As da MMX, que prometeu minas bilionárias, saíram na faixa de R$ 800. No total, suas captações giraram em torno de R$ 1 bilhão.

Na ponta compradora, estavam investidores, digamos, respeitáveis. Nada de pessoa física, até porque os reguladores não confiam no discernimento desse público para avaliar ações de empresas que só têm projetos e, por isso, vedam sua participação. Os compradores em questão são fundos de pensão, de investimento e outros investidores chamados de qualificados. Eles toparam fornecer combustível para iniciativas que refletem a mais pura essência das ofertas iniciais de ações: a compra de uma expectativa futura.