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Corrida à Tempo
Depois de dez aquisições, holding do setor de saúde chega à bolsa num dos IPOs mais rápidos da história

, Corrida à Tempo, Capital AbertoQuando desembarcou na região do que é hoje o Peru, atrás das riquezas dos incas, o conquistador espanhol Pizarro, acompanhado de menos de 200 homens, enfrentou e derrotou um exército formado por milhares de indígenas. É à lendária Batalha de Cajamarca, de 16 de novembro de 1532, que o diretor de Relações com Investidores (RI) da Tempo Participações, Giuliano Pavan, recorre para explicar como a companhia conseguiu cravar uma das emissões públicas iniciais de ações (IPOs) mais rápidas da história. “Ou ganhamos a guerra ou ganhamos a guerra”, diz ele. Em situações como essas, a idéia de fracasso nem pode ser cogitada, senão ela acaba se “tornando verdadeira”.

Nas contas de Pavan, o processo de abertura de capital da Tempo foi o segundo mais veloz, perdendo somente para o IPO da BR Malls. Para afirmar isso, o executivo considera o intervalo compreendido entre as datas da reunião de “kick-off” — 10 de setembro de 2007 —, que dá largada à preparação dos documentos para a oferta, e do “pricing”, que define o preço da ação — 17 de dezembro, dois dias antes da estréia na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Se levado em conta o período desde a tomada da decisão, em julho, Pavan não tem dúvidas de que o IPO da Tempo foi o mais ligeiro entre todos. Para cumprir o duríssimo cronograma, cerca de 35 auditores independentes, 20 consultores, 15 advogados e 10 banqueiros se juntaram à equipe de profissionais da casa durante três meses. Em turno integral, de domingo a domingo. “Minha saúde se esgotou. Envelheci uns cinco anos”, exagera o diretor, de 36 anos.

Os preparativos para o IPO não são tarefas das mais simples. Imagine, então, quando, no meio de tudo isso, a empresa vai aumentando de tamanho por meio de aquisições. Foi o que aconteceu com a Tempo, que, só em novembro, na contagem regressiva para a abertura de capital, comprou três empresas — a Med-Lar, de serviços médicos, a Odonto Empresa e a Adem, do ramo de assistência odontológica. O crescimento por aquisições está no DNA da holding. Seus negócios se iniciaram em 2000, com a paulista Connectmed-CRC, provedora de soluções tecnológicas para a gestão de planos de saúde. De lá até o IPO, foram dez compras, em três linhas de atividades distintas. Aproximadamente 40% do faturamento da companhia se origina dos serviços de assistência especializada (como a contratação de guinchos para veículos por seguradoras, por exemplo), 40% do segmento de administração de planos de saúde para empresas (por meio das bandeiras Gama Saúde e Connectmed-CRC) e o restante da operação de planos odontológicos (Gama Odonto).

Por trás dessa expansão agressiva está a influência do maior acionista do bloco de controle, a gestora de recursos GP Investments, dona de 19,34% das ações ordinárias da Tempo por meio do fundo GP Capital Partners III L.P. — o mesmo da BR Malls. “Nossa gestão é GP, as fusões e aquisições são feitas ao estilo GP, com quem temos um relacionamento muito próximo”, conta Pavan. A presença da firma de private equity também impulsionou a companhia à abertura de capital. A Tempo desejava crescer, mas novos aportes do fundo III, já totalmente investido, dependeriam de uma série de aprovações, segundo Pavan. Em meados de 2007, os empréstimos bancários atingiam R$ 90 milhões, cifra próxima do limite considerado saudável para o endividamento da holding. A bolsa despontou, então, como a fonte de captações mais adequada. Em 19 de dezembro de 2007, a companhia realizou o último IPO do ano na Bovespa, levantando R$ 393,8 milhões na oferta primária. Os acionistas vendedores arrecadaram R$ 26 milhões na oferta secundária. De acordo com o diretor de RI, a parcela secundária, de baixo montante, teve como função aumentar a liquidez dos papéis.

Liquidez, aliás, era o que faltava no mercado, por causa da crise das hipotecas norte-americanas. Os próprios coordenadores da oferta aconselharam a companhia a desistir do IPO, hipótese rechaçada pelos administradores e acionistas. “Em nenhum momento admitimos a possibilidade de não entregar a oferta”, afirma Pavan. Mas o que os fazia tão seguros de si? “Acreditamos no nosso modelo de negócios e na nossa estratégia de crescimento agressivo.” Segundo o executivo, a empresa tampouco mirou uma janela de mercado, porque sempre buscou o longo prazo.

O fato é que suas ações sofreram desvalorização de 15,7% desde o IPO até o fechamento de 30 de abril de 2008. Na opinião de Pavan, essa depreciação não se deve aos fundamentos da companhia — que apresentou, em 2007, resultados 10% superiores às expectativas — mas, sim, ao cenário externo de instabilidade externa. Sinal de que a oferta foi feita em momento errado? “Pelo contrário. Estamos com dinheiro em caixa e quem não foi à bolsa, não.”


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