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Menos autonomia, mais riqueza

Raghuram Rajan e Luigi Zingales, autores de Salvando o Capitalismo dos Capitalistas, acertaram em cheio. O mundo está mesmo tentando salvar o capitalismo de seus principais atores, e as formas de fazê-lo passam pelo ativismo dos mercados financeiros, cada vez mais capazes de democratizar oportunidades e reduzir o establishment corporativo — como sugere a obra, lançada em 2003. Um exemplo claro desta empreitada são os mercados de emissão de carbono, que já movimentam dezenas de bilhões de dólares ao redor do mundo e, em setembro, ganharam uma versão emergente com o lançamento do primeiro leilão brasileiro de créditos de carbono, organizado pela BM&F em São Paulo. 

Ao tentar “salvar o capitalismo” das ambições desmedidas de empresários que só pensam em ver suas fábricas produzindo (e poluindo) aceleradamente, o mercado de carbono impõe restrições. Numa sacada genial — dos próprios capitalistas, diga-se de passagem —, limites para a destruição do planeta se transformaram em pontos de partida para um comércio sedutor. Aqueles que precisam ficar acima desses limites — “compradores”, portanto — negociam com as partes que dispõem de alguma folga para ficar aquém deles, os “vendedores”. Forma-se, então, como em qualquer mercado capitalista que se preze, um ambiente em que todos encontram o seu jeito de criar riqueza. Os compradores ganham o aval para seguir produzindo e lucrando mais, enquanto os vendedores compensam sua produção mais comedida com a venda de créditos no promissor mercado de carbono. 

É assim, criando limites, que os capitalistas parecem ter descoberto o caminho de tornar sustentável seu próprio sistema. Isso, claro, sem abrir mão da lógica mais ANO 5 – NÚMERO 50 – OUTUBRO 2007 Circulação auditada: elementar que o permeia — ou seja, ganhar dinheiro. A idéia, como já diziam Rajan e Zingales, vem sendo aplicada nas mais variadas esferas dos ambientes corporativo e financeiro. Investidores colocam limites para o comportamento dos empresários que abrem o capital de suas companhias, como regras de governança, princípios de transparência e controles austeros. E, como no mercado de carbono, as duas partes aceitam, porque ambas ganham. Enquanto os empresários crescem muito mais do que conseguiriam se estivessem sozinhos, valorizando suas participações societárias, investidores encontram boas oportunidades de negócio para fazer render suas poupanças. 

Em plena ascensão no Brasil, essa nova forma de capitalismo fica cada vez mais evidente nas composições societárias. Como bem descreve Pedro Guimarães, diretor do UBS Pactual, em seu artigo na página 61, empresários estão se convencendo de que, para ver seu patrimônio crescer, faz sentido abrir mão do poder. Diante dessa perspectiva, alguns já aceitam perder o controle acionário das empresas que fundaram para se tornarem parte de um conglomerado muito mais rico e competitivo, onde sua participação, ainda que minoritária, valerá muito mais. Trata-se, pois, de um novo ambiente de negócios. Nele, tanto os empresários loucos para produzir e poluir o planeta como aqueles encantados com a possibilidade de fazer o que bem entendem com o dinheiro de minoritários aderem à proposta inteligente de trocar autonomia por riqueza — e, assim, salvar o capitalismo. 


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