Os defensores da tese de que a sustentabilidade já não é mais um diferencial, mas sim uma obrigação das companhias e uma exigência do mercado financeiro, conquistaram um importante marco na cruzada para convencer os investidores brasileiros a direcionar suas aplicações a ativos relacionados com questões socioambientais. No fim de março, administradoras de recursos e fundos de pensão do País formalizaram seu interesse nos chamados Princípios para o Investimento Responsável (Principles for Responsible Investment) — uma iniciativa da ONU que tem como objetivo incorporar variáveis sustentáveis nas decisões de investimento dos gestores de grandes fortunas.

Duas cerimônias marcaram esse pacto no Brasil. A primeira ocorreu num workshop promovido pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), que reuniu 83 gestores representantes do segmento de private banking em São Paulo. Na ocasião, diretores da entidade e representantes da ONU proferiram palestras sobre a importância da conciliação da sustentabilidade com o mercado financeiro. “O objetivo do encontro foi ressaltar a ligação entre investimento responsável, sustentabilidade e performance”, afirma Celso Scaramuzza, vice-presidente da Anbid e coordenador da comissão de private banking da associação.

A Bovespa também fez sua parte ao sediar o encontro da ONU com os fundos de pensão. Em ambas as ocasiões, a organização estava representada por Paul Clements Hunt, do United Nations Environment Programme — Finance Initiative (Unep-FI), que aproveitou a oportunidade para anunciar a criação de uma filial do órgão no Brasil. Segundo Hunt, a escolha do Brasil se dá por sua grande representatividade em termos de investidores institucionais. Com a iniciativa, o Brasil entra para a lista de 160 investidores institucionais provenientes de várias partes do mundo favoráveis aos princípios de investimento responsável. Sediada em Genebra, a Unep-FI é o braço da ONU com maior número de membros, contando com bancos, seguradoras e gestoras de ativos que somam um patrimônio de US$ 5 trilhões.