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Bodas de ouro
Balanço dos 50 IPOs a partir da Natura registra R$ 28 bilhões, dez novos setores na Bovespa, elevados níveis de pulverização e forte presença de estrangeiros

ed44_p060-061_pag_1_img_001Desde 2004, o número de IPOs no Brasil vem crescendo a cada ano. Foram sete em 2004, nove em 2005, 26 em 2006 e oito só nos primeiros três meses de 2007. Nessas 50 ofertas, foram captados quase R$ 28 bilhões, sem contar os lotes adicionais que, quando ocorrem, ficam em torno de 15% da captação prevista. Esse processo representou também a entrada de novos setores na bolsa, como locação de veículos (Localiza), intermediação imobiliária (Lopes), usinas de álcool e açúcar (Cosan), diagnósticos laboratoriais (Dasa), planos de saúde (Medial), odontologia em grupo (Odontoprev), shopping centers (Iguatemi), comércio eletrônico (Submarino), serviço de acesso à internet (UOL) e universidades (Anhanguera). Quando uma empresa estréia um novo setor, abre espaço para que outras venham. É o caso do grupo São Martinho, que seguiu os passos da Cosan, e da BR Malls, que veio no encalço da Iguatemi.ed44_p060-061_pag_2_img_001

O setor de construção e engenharia teve um ótimo desempenho em 2006 e no começo de 2007. Dez empresas dessa área ingressaram na bolsa (Gafisa, Company, Abyara, Klabin Segall, Brascan Residencial, Lopes Brasil, PDG Realty, Rodobens, Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário e Tecnisa), num total de R$ 5,5 bilhões, incluindo primárias e secundárias.

Foi registrado também o crescimento da participação de investidores individuais (pessoas físicas), que estão descobrindo a bolsa como uma forma de investimento devido a facilidades de acesso, como o sistema home broker, e à estabilidade econômica, que confere confiabilidade ao mercado. Isso pode ser observado pelo aumento do número médio de pessoas físicas nos IPOs, que praticamente dobrou em 2007 em relação a 2006.

Em todos os casos, os recursos provenientes de investidores internacionais foram superiores a 50% de toda a oferta, demonstrando o interesse externo pelo mercado de capitais nacional. Entretanto, parte dos recursos classificados pelo Banco Central como investimento estrangeiro é proveniente de brasileiros que trazem recursos do exterior.

Nos Estados Unidos, entre 1980 e 2001, as empresas que entraram na bolsa conseguiram uma valorização média de 18,8% no dia de estréia. No Brasil, essa valorização média é de 7,9%, como pode ser observado na tabela ao lado. Apesar de a alta ser significativa, apresenta um desvio padrão (diferença entre os picos e baixas) elevado, de 8,32%. Ações como as da GVT e da Anhanguera tiveram 27,22% e 21,39% de valorização no primeiro dia, respectivamente, enquanto Datasul, por exemplo, registrou queda de 6,67%.

MÚLTIPLOS ATRATIVOS — As recentes aberturas de capital têm contado com uma venda de participação média de 42,3%. Ou seja, quase metade da empresa é colocada no mercado, devido, entre outros motivos, ao mínimo de 25% das ações em negociação (free float) que as empresas devem ter para serem listadas no Novo Mercado (embora a Bovespa, em alguns casos, aceite um prazo de três anos para se atingir esse percentual).

Os múltiplos apresentados na tabela ao lado são usados para avaliar o valor da empresa em relação a receita, Ebitda e lucro líquido. Não existem valores ideais para cada múltiplo, pois empresas varejistas que têm margens de rentabilidade mais estreitas tendem a apresentar um múltiplo de receita menor do que uma empresa de serviços, que costuma ter margens maiores. Os múltiplos refletem o potencial de crescimento atribuído pelo mercado à companhia e devem ser analisados individualmente dentro de um setor, comparados com as empresas já listadas (nos diferentes níveis de listagem da Bovespa) e com empresas listadas em outros países.

No caso dos 50 IPOs, o múltiplo de receita teve uma média de 5,2, ou seja, as empresas foram vendidas por aproximadamente cinco vezes seu faturamento anual. A Rodobens apresentou um múltiplo de faturamento próximo a 20 anos. Por outro lado, a Profarma, empresa de distribuição de medicamentos que, em 2006, apresentou uma margem líquida de 1,3%, teve o menor múltiplo de venda: 0,36 vezes o faturamento anual.

O Ebitda é o lucro bruto menos as despesas operacionais, excluindo a depreciação e amortização do período. Tem por objetivo avaliar o lucro referente apenas ao negócio da empresa, excluindo qualquer ganho ou perda financeira. É um parâmetro bastante utilizado em fusões e aquisições e nos IPOs. O múltiplo médio e mediano de Ebitda das 50 aberturas de capital foram, respectivamente, 24,22 e 14,70. A variação foi significativa dentro desta amostra, de 5,51 (Localiza) a 187,72 (Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário). Cabe ressaltar que empresas classificadas com grau de investimento pela Standard & Poors valem aproximadamente oito vezes o Ebitda, ou seja, menos da metade que o observado nos atuais lançamentos.

O múltiplo de lucro líquido tem como base o valor de mercado da companhia — diferentemente dos múltiplos de Ebitda e faturamento, que têm o valor econômico da companhia (firm value) como base. É um múltiplo muito usado no mercado de capitais como ferramenta de análise de ações, pois relaciona o valor total dos papéis com o lucro da empresa. O valor de mercado médio e mediano das estreantes em relação ao lucro ficou entre 50,02 e 27,02 vezes, variando de 4,19 (Equatorial Energia) a 219,96 (Totvs).


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