Recente estudo da McKinsey revela que a demanda por etanol no mundo deve saltar dos atuais 6,5 bilhões de litros para nada menos do que 200 bilhões de litros no ano de 2020. Para a alegria de nossos usineiros, a consultoria aponta ainda que o Brasil, se quiser, pode se tornar o principal fornecedor internacional do produto, exportando até 80% desse total, ou 160 bilhões de litros do combustível.

Hoje, a produção do País é de modestos 17 bilhões de litros — número que certamente seria ampliado se houvesse pesados investimentos nas lavouras brasileiras. E é aí que começam as más notícias para o setor.

Segundo o relatório da consultoria, para bater essa meta, o País precisa triplicar a área voltada ao cultivo da cana-de-açúcar, chegando a algo próximo de 17 milhões de hectares até o ano de 2020. Considerando nossas dimensões territoriais, até que isso não é um problema tão difícil de resolver. O desafio estaria na alocação de recursos para tais investimentos. A consultoria calcula que, para cada 1 bilhão de litros de etanol produzidos a mais no País, são necessárias cinco novas usinas, a um preço de US$ 120 milhões cada uma. Em outras palavras, para chegarmos em 2020 com aquela fantástica safra de 160 bilhões de litros, teríamos de construir 600 novas usinas, num custo total de US$ 90 bilhões.

Parte da equação até pode ser resolvida com a entrada de dinheiro no setor, inclusive estrangeiro, via mercado de capitais. Contudo, a McKinsey lembra que muitas fazendas brasileiras de cana ainda são propriedades familiares, que desconhecem as boas práticas de governança corporativa exigidas por qualquer investidor externo. Além disso, o estudo lista os problemas de logística — falta de estradas, ferrovias e armazéns — enfrentados pelo País, cuja solução não sairia por menos de US$ 2 bilhões.