De olho em nichos do mercado de Tecnologia da Informação (TI) que prometem crescer em velocidade acelerada nos próximos anos, os investidores do mercado norte-americano voltaram a comprar ações de companhias cujo sucesso não passa de promessa. Foi o caso da Glu Mobile, que desenvolve tecnologias de jogos para telefones celulares. A empresa conseguiu captar sete vezes o valor de sua receita numa oferta inicial de ações (IPO), a despeito de um prejuízo acumulado de US$ 46 milhões.

Além da Glu, outras que ainda perdem dinheiro também realizaram IPOs bem-sucedidos. A Accuray, que projeta sistemas de robótica radiocirúrgica para o tratamento de tumores, levantou US$ 171,3 milhões a despeito de seus prejuízos, de US$ 34 milhões, já somarem valor muito próximo à receita, de US$ 53 milhões. A Salary.com, que faz softwares personalizados para o gerenciamento de sistemas de pagamentos, também comemorou: obteve não apenas um valor de mercado dez vezes superior ao histórico de suas receitas, mas também uma alta de 4% no preço das ações nos primeiros 15 dias.

A tendência atual, porém, é muito diferente daquela que levou à formação da bolha da internet. Apesar dos prejuízos acumulados, todas essas companhias apresentam alto grau de diferenciação em mercados com viabilidade comprovada. O uso dos recursos captados na oferta é outro ponto que separa esses IPOs daqueles que ocorreram no começo da década: boa parte será empenhada na aquisição de concorrentes para competir com companhias de maior porte, ou até mesmo na ampliação do foco de atuação. É esse o caso da Glu Mobile, que pretende crescer para bater a Electronic Arts, líder mundial da indústria de games.