A Securities and Exchange Commission (SEC) vai afrouxar ainda mais as regras para que companhias estrangeiras com ações negociadas em bolsas norte-americanas cancelem sua listagem. Segundo o diretor da agência Roel Campos, presente ao seminário de 30 anos da Comissão de Valores Mobiliários realizado em setembro, a nova proposta vai permitir que um número substancial de companhias se qualifiquem para deixar aquele mercado.

Na primeira consulta pública que realizou sobre o tema, em fevereiro, a SEC propunha autorizar a retirada para todas as companhias com volume de negócios nos EUA igual ou inferior a 5% das transações diárias no país de origem. A idéia, porém, não foi suficiente para acalmar os europeus afoitos por bater em retirada, e levou a agência a pensar em novas métricas, mais elevadas. “Pelos nossos cálculos, o novo limite vai permitir que todas as maiores empresas européias se habilitem para a deslistagem”, afirmou Campos à Capital Aberto, sem revelar o percentual. “Esse é um exemplo de que estamos atentos aos emissores estrangeiros e procurando acomodá-los, sem deixar de proteger os interesses dos investidores norteamericanos.”

Campos reconhece que o número de empresas listadas nos EUA vem caindo ao mesmo tempo em que crescem as listagens em bolsas européias e asiáticas. Mas avalia que este movimento não se deve apenas ao rigor imposto pela Sarbanes-Oxley (SOX). Ele observa que muitos dos recentes IPOs são de empresas chinesas, que preferem listar em mercados próximos como os de Hong Kong ou Cingapura. E lembra que o capital está presente hoje em várias partes do mundo, o que estimula listagens mais “próximas de casa”.

Questionado sobre o crescimento do AIM (mercado londrino para empresas menores), Campos ainda não está convencido do seu sucesso. “Empresas iniciantes podem conseguir recursos via venture capital ou emissões privadas, por isso ainda não estamos certos de que o AIM vá atrair tantas empresas.”