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Guru do mercado
Márcio Garcia, professor de economia da Puc-RJ.

 

ed37_p062-063_pag_1_img_001Não é à toa que o professor de Economia Márcio Garcia foi escolhido o profissional revelação do mundo acadêmico. Titular dos cursos de graduação e pós-graduação da PUC-RJ e especialista em política monetária e fiscal, dívida pública, fluxo de capitais e inflação, Garcia é a quem investidores e analistas recorrem quando querem saber mais detalhes sobre as intempéries econômicas e seus reflexos no mercado. A esse público, sua informação mais relevante dos últimos tempos tem sido um alerta sobre a economia norte-americana. Segundo Garcia, o cenário de recessão naquele país pode estar mais perto do que se imagina.

Para ser ouvido com tal credibilidade, esse carioca de 46 anos trilhou uma carreira bastante curiosa. Pelo menos, no início dela. Quando terminou o colegial, nem de Economia ele gostava. Queria mesmo ser físico. Só assinalou a opção de engenharia de alimentos no vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) porque, na dúvida, se resolvesse estudar física, poderia aproveitar as disciplinas do primeiro ano do curso. Felizmente, não mudou de idéia.

Em 1978, durante o primeiro ano da graduação, recebeu as primeiras noções de Economia. O contato com o tema, embora rápido, foi suficiente para fazê-lo desistir de vez das discussões sobre mecânica quântica e encarar o curso de engenharia até o final. Terminada a faculdade, em 1982, Garcia ainda titubeou na escolha do mestrado. Mas à convite de um amigo, foi parar no departamento de Economia da PUC que, em 1984, havia inaugurado recentemente a pós-graduação nessa área.

“Na verdade, queria estudar Finanças, mas como minha graduação tinha sido em engenharia, achei que um mestrado no setor real da economia seria necessário para complementar minha formação”, conta Garcia. Não deu outra. Em sua dissertação, elaborou como tese um modelo multisetorial para análise e planejamento da economia brasileira. Na época trabalhava no BNDES, seu primeiro emprego, onde passou algumas noites apurando dados para a pesquisa.

Garcia via o quanto lhe dava prazer dedicar-se à projeção de cenários, às causas e conseqüências do déficit fiscal e aos impactos desses fenômenos na conta corrente do País. Não foi difícil decidir- se por um doutorado, desta vez, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, onde ficou até 1991 por conta de uma bolsa de estudos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Finalmente, a área de Finanças — tema de sua tese — fazia parte de sua rotina. Ao voltar dos Estados Unidos, o doutor Garcia foi convidado para dar aulas na PUC-RJ.

“A inflação era a doença mais grave do País. Durante muito tempo, só tínhamos especialistas nesse tema”
“Para o investidor, não existem boas nem más notícias. O que importa é estar bem informado e adotar as posições corretas”

Garcia costuma brincar que tem três paixões: ficar com a família, dar aulas e torcer para o Botafogo — o time do coração, homenageado até no site do professor na homepage da PUC. Para ele, se tivesse mais tempo livre, gostaria de passar muito mais horas ao lado de seus alunos. “É gratificante lidar com essa gente jovem, entusiasmada, que está ali porque gosta.”

Embora as empresas de capital aberto nunca tenham estado no seu foco de estudo, sente-se confortável ao afirmar o quanto temas como governança corporativa e Novo Mercado vêm ganhando espaço no mundo acadêmico. Agradece aos céus o fato de não ver mais na sua frente alunos estudando a hiperinflação. “Era a doença mais grave do País e, por isso, só tínhamos especialistas nessa área”, diz. Para o Brasil, dá nota cinco quando o objetivo é a comparação com Índia, Rússia e China em matéria de crescimento econômico. Contudo, avalia que estamos no rumo certo. “Só espero que não demore tanto para o Brasil decolar para poder comprovar isso de perto”, brinca.

Já os Estados Unidos receberiam nota zero se a prova fosse sobre as contas públicas. Segundo Garcia, a necessidade de um ajuste fiscal naquele país é mais iminente do que se possa imaginar. Longe de ser um pessimista, ele acredita que a euforia do mercado norte-americano uma hora vai acabar. “As pessoas acham que esse déficit vai sumir num passe de mágica”, avalia. “Quanto mais tempo eles demorarem para fazer essa correção nas contas públicas, maior vai ficando o problema. E o reflexo disso será sentido por todos nós.”

Garcia se preocupa ao ver que nenhum dos movimentos necessários para as contas públicas norte-americanas voltarem a ter um equilíbrio razoável está acontecendo. Segundo ele, seria preciso que os Estados Unidos aumentassem o ritmo de crescimento de sua economia e melhorassem a capacidade exportadora. Os exploradores de petróleo deveriam, ainda, investir mais em produção para baratear o combustível. À Europa e ao Japão, caberiam o papel de apreciarem suas moedas e importarem mais. “Mas tudo está acontecendo ao contrário”, alerta. Perguntado como se sente sendo um porta-voz dessas notícias ruins para o mercado de capitais, Garcia ensina: para o investidor, não tem boas nem má notícias. O que importa é estar bem informado e adotar as posições corretas. Já para as empresas, a ordem é manterem-se atentas.


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