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A voz da experiência
José Guimarães Monforte, presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

 

ed37_p046-047_pag_1_img_001O que faz de uma pessoa um bom conselheiro de administração? Ninguém melhor para responder a essa pergunta do que José Guimarães Monforte. Presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), hoje atua nos conselhos da Natura, Caramuru Alimentos e Grupo Agrenco. Para esse renomado economista, o conselheiro precisa entender o que é governança. Depois, ter uma competência específica que vá ao encontro das necessidades da empresa e, por fim, responsabilidade e autoridade como requisitos imprescindíveis. A bem da verdade, não existe uma fórmula exata. “Isso vem com o tempo”, diz ele.

De fato, faz um bom tempo que Monforte vem encarando com êxito os desafios do mundo corporativo. A contar do seu primeiro emprego, em 1969, sua carreira soma 37 anos de experiência. Quem hoje o vê como executivo do imponente escritório da Janos Participações — o family office da Natura — na rua Amauri, em São Paulo, pode não imaginar que, na maior parte de sua vida profissional, emprestou seu talento para as instituições financeiras. A primeira delas foi o então Banco de Boston, aos 21 anos, quando ainda estudava na Universidade Católica de Santos, sua cidade natal.

Sem carro, apertava o passo para não perder o ônibus, todas as manhãs, que o levaria de Santos a São Paulo, onde ficava a sede do banco. Lá tinha a missão de arranjar clientes para as cotas do fundo 157 — aquele em que o contribuinte podia comprar ações com incentivo fiscal. Terminado o expediente, era a vez de descer a serra para assistir às aulas de economia, numa rotina incansável até se formar. Mas valeu a pena. A passagem pelo Boston rendeulhe uma vaga no Bansulvest, o Banco Industrial de Investimentos do Sul, desta vez não como estagiário, mas secretário do comitê de investimentos de um fundo de ações.

A partir daí, os saltos qualitativos de um emprego para outro foram constantes em sua trajetória profissional. No início dos anos 70, o Unibanco comprou o Bansulvest e ele foi afastado. Mas logo apareceu a oportunidade, graças à indicação de um amigo, de ser o responsável pela área de investimentos em ações no Banespa, dirigindo uma das corretoras incorporadas pela instituição após a recessão do mercado brasileiro naquele período. Vendo a necessidade de se aproximar dos fundos de pensão — que poderiam ser potenciais investidores para a corretora do banco — pediu ao Banespa que o enviasse para fazer um curso nos Estados Unidos e lá aprender como as entidades de previdência privada aplicam seus recursos. Conseguiu.

Mal havia terminado o treinamento naquele país, soube que a Merrill Lynch estava interessada em se aproximar da bolsa de valores brasileira e tratou de fechar uma parceria entre o Banespa e a corretora norte-americana. Por conta disso, passou mais três anos nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, recebeu outra promoção: seria um dos responsáveis pela agência do Banespa em Londres. À esta altura já casado, seguiu com a esposa para uma temporada na Europa que duraria até 1979, quando subiria um outro importante degrau da sua carreira: tornar-se presidente da Merrill Lynch no Brasil.

“Foi uma época bastante agitada”, desabafa Monforte, referindo-se aos seus dez anos à frente da filial do banco norte-americano. Na década de 90, já não faltavam bancos de olho em Monforte. Aceitou o convite do Citibank, onde ajudou a montar a área de private banking por aqui e, na seqüência, foi enviado a Nova York para desenvolver novos produtos do banco. Voltou ao País dois anos depois com a missão de estruturar a área de banco de investimento da instituição. “O Brasil tinha acabado de negociar sua dívida e muitas empresas passaram a emitir títulos lá fora. Assim, pude viver a satisfação de ajudar as companhias a fazer road shows e elaborar prospecto, muito antes desse recente período de aberturas de capital no País”, diz.

“Quanto mais conhecia e praticava os mandamentos da governança, mais me apaixonava a idéia de poder vivenciar seus efeitos”
“Tive a satisfação de ajudar as companhias a fazer road shows e elaborar prospecto muito antes da retomada dos IPOs”

O ano de 1997 chegava ao fim quando Monforte decidiu dar por encerrada sua carreira de executivo do mercado financeiro. Olhava para o Brasil e via um país estabilizado com grande potencial de negócios por conta do processo de privatização. “Achei que era o momento de participar de uma empresa na área de energia ou telefonia.” Seu desejo foi uma ordem, e mais um salto aconteceu em sua vida profissional. Naquele ano, seria escolhido o presidente do conselho de administração da Bell Canada do Brasil, empresa com a qual já havia mantido contatos na época do Citibank. Na seqüência, recebeu o convite para ser presidente da VBC Energia, empresa criada por Votorantim, Bradesco e Camargo Correa para a compra de ativos na privatização do sistema Eletrobrás.

Dali em diante, começa a parte mais conhecida da sua carreira. Virou conselheiro da Natura e, de quebra, tornou-se o presidente do family office para gerir os recursos das famílias dos três sócios da companhia. Os conselhos da Claro, Sabesp e Nossa Caixa também registram passagens de Monforte. Quanto mais conhecia e praticava os mandamentos da governança corporativa, mais se apaixonava pela idéia de poder vivenciar seus efeitos no dia-a-dia das empresas. Hoje, aos 59 anos, raramente passa menos de 12 horas por dia dedicando-se ao trabalho. Como atua em vários negócios ao mesmo tempo, diz que está expert em processar informações totalmente diferentes numa única tarde. “Quem é conselheiro em mais de um lugar precisa ser rápido para trocar o chip e mudar de assunto”, brinca.

Monforte gosta de se envolver com a história das empresas onde atua como conselheiro. Fica à vontade para falar de seus valores e até fazer propaganda dos seus produtos, por que não? É fã do xampu e do condicionador de murumuru da Natura e não dispensa o cheiro de talco do óleo trifásico. E vai além. Não se intimida ao dar uma de “consultor” e recomendar sua linha favorita, a Ekos, para os amigos. Está aí o conselheiro que Monforte não consegue deixar de ser.


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