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A obra de Jorge Guinle
José Olympio, diretor do Credit Suisse.

 

ed37_p052-053_pag_1_img_001Dizem que a sorte em qualquer profissão nada mais é do que a combinação de talento com as oportunidades que a vida oferece. No caso de José Olympio, escolhido pelo júri da Capital Aberto como a maior revelação entre os banqueiros de investimento nos últimos três anos, essa máxima precisa de uma pequena correção. Eis um profissional cuja genialidade lhe permitiu ir atrás de todas as chances para construir uma carreira de sucesso.

Neto do fundador da editora também chamada José Olympio, formou-se em 1984 pela PUC-RJ em engenharia civil — curso que, segundo ele, serviu para lhe convencer de que os esquadros e os cálculos estruturais não fariam parte de sua rotina de trabalho. Na área de banco de investimento, começou por acaso. Um amigo da família fez o favor de apresentá-lo aos donos do banco Garantia, onde ele foi pedir o emprego que mudaria completamente sua vida. Foi sorte conhecer alguém para indicá-lo a uma vaga na quase lendária instituição financeira da década de 70? Com certeza. Mas dali em diante as vitórias seriam um tanto mais trabalhosas.

“Lembro de quando cheguei ao Garantia. Disse a eles que estavam diante de um jovem inteligente, ambicioso, disposto a suar a camisa”

“Lembro de quando cheguei ao Garantia pela primeira vez. Disse a eles que não fazia a menor idéia de como era o serviço, mas que estavam diante de um jovem inteligente, ambicioso, disposto a trabalhar e suar a camisa”, conta. A apresentação convenceu Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os três fundadores do banco hoje tão marcantes no mundo corporativo. Começou como analista de investimentos e depois foi para a área de finanças corporativas. Também se deu bem em matéria de chefe: esteve subordinado a Armínio Fraga e Claudio Haddad. Nesse período, ainda teve tempo de ir aos Estados Unidos fazer um MBA na Harvard Business School.

Depois de 13 anos entre os mestres do Garantia, aceitou o convite para ser diretor no banco DLJ (ou, por extenso, Donaldson, Lufkin & Jenrette Securities Corp.) — um desafio instigante, já que a instituição norte-americana valorizava muito a cultura do empreendedorismo e dava-lhe autonomia para agir. A década de 90 chegava ao fim quando o Credit Suisse apareceu pela primeira vez na sua vida: o DLJ foi vendido ao banco suíço fazendo com que, em fevereiro de 2001, ele optasse por trabalhar no Citigroup, onde virou o co-responsável pela área de banco de investimentos para a América Latina.

O Credit Suisse só iria conquistá-lo mesmo em 2004, ano em que sete novas empresas estreariam na Bovespa como companhias de capital aberto, três delas assessoradas pela equipe de José Olympio. Em 2005, repetiu a façanha e participou de metade das vinte ofertas ocorridas no País. Orgulhoso, sorri quando mostra sua coleção de dezenas de tombstones, aqueles anúncios das operações lideradas por vezes representados na forma de “pedras” de acrílico feitas para serem exibidas sobre a mesa de trabalho.

Nem mesmo ele esperava encontrar um mercado tão eufórico. “Surpreendeu minhas melhores expectativas”, garante. Certamente, o mercado também ficou surpreso com a ousadia do jovem banqueiro, hoje com 44 anos, que se sente à vontade para repetir uma lição aprendida desde a época do Garantia: “Não nos disseram que era impossível. Então, fizemos”. Para ele, o maior exemplo dessa prática foi a pulverização do controle nas lojas Renner, que lhe rendeu uma marca eterna na linha do tempo da história do mercado de capitais brasileiro.

A estratégia de criar a primeira corporação do País — “fruto de um trabalho em equipe”, como gosta de enfatizar — foi apresentada à varejista norte-americana J.C. Penney como uma alternativa simples e de bom retorno para a venda da cadeia de lojas de departamentos sob seu controle naquela época. “Quando falamos dos valores esperados com a captação, os olhos deles brilharam”, conta. Dito e feito: a transação rendeu ao grupo R$ 543 milhões.

José Olympio acha difícil que a fartura assistida a partir de 2005 até meados do primeiro semestre de 2006 aconteça novamente. “Nunca vi nada igual em toda a minha carreira.” E faz questão de aproveitar a oportunidade para elogiar a atuação das entidades como a Bovespa, Anbid e CVM que, afirma, souberam fazer o dever de casa preparando o terreno para o renascimento do mercado.

Embora enxergue que o País entrou de vez no foco internacional dos investimentos, reconhece que uma elevação das taxas de juros na economia norte-americana pode reduzir o ânimo para novas ofertas. Contudo, isso estaria muito longe de dizer que a famosa janela para o mercado estaria se fechando. Se depender dos projetos para futuras emissões, sua agenda à frente do Credit Suisse permanecerá cheia por mais um tempo. O que significa menos horas não só para a mulher e seus três filhos, mas também para sua vasta coleção de quadros, esculturas e gravuras — o hobby e uma das grandes paixões de Olympio nos momentos de folga.

Talvez seja um consolo saber que cada uma das transações que levam a assinatura deste banqueiro de investimentos carrega um pouco da sua arte de fazer negócios. “Se fossem obras, essas operações seriam peças abstratas, com uma combinação de precisão, inovação e sensibilidade”, afirma, sem pestanejar. E se José Olympio fosse um quadro? Ele pára, pensa por alguns instantes, mas responde: Seria uma obra do pintor contemporâneo Jorge Guinle, “com traços bem carregados, coloridos e intensos.”


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