Conhecidos por sua preferência por títulos de renda fixa, os investidores pessoa física de países como Hong Kong e Cingapura vêm arrematando parcelas cada vez maiores das emissões de bônus perpétuos (sem prazo de vencimento) brasileiros. Eles ficaram com 53,7% dos US$ 500 milhões captados na primeira operação deste ano, do Banco do Brasil. Durante os road shows que antecederam a oferta nesses países, o forte interesse declarado pelos orientais fez com que o banco cancelasse algumas das apresentações agendadas para a Europa e todas as previstas para os Estados Unidos. Os asiáticos também marcaram presença na segunda emissão de 2006 e levaram 40% dos US$ 300 milhões em títulos da sucroalcooleira Cosan.

Os dois exemplos confirmam uma tendência que se desenhou já na primeira operação do gênero realizada por uma companhia brasileira, a do Bradesco, em maio do ano passado, que atraiu 39% de orientais. De lá para cá foram captados US$ 4 bilhões por dez empresas (veja detalhes de cada uma no gráfico) e a participação da Ásia correspondeu a uma média de 45%. Mais do que permitir o acesso a um mercado que até então só investia no Brasil através dos grandes fundos norte-americanos, a demanda que emergiu do outro lado do mundo barateou os custos dos perpétuos. Os recordes são as taxas de juros obtidas pelo Banco do Brasil (7,95% a.a.), primeiro a quebrar a barreira dos 8%, e pela Cosan (8,25% a.a.) que, dentre as empresas não-financeiras, ficou com a menor taxa.

Antes reservados aos países com o selo de investimento não-especulativo conhecido como investment grade, os bônus perpétuos são um título híbrido de dívida e capital. Podem ser classificados como dívida subordinada de nível 1 ou 2, o que permite sua contabilização no capital.