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À prova de juro alto
Fundações mantêm estratégia de diversificação e ampliam investimentos em cotas de FIDCs

ed18_p030-032_pag_1_img_001Prevendo uma trajetória declinante das taxas de juros no Brasil, os fundos de pensão passaram a estudar com mais atenção estratégias para diversificar suas carteiras, invariavelmente repletas de títulos públicos. O presságio não se concretizou até agora – ao contrário, a taxa Selic foi ampliada por cinco reuniões consecutivas do Copom, está no patamar mais elevado desde outubro de 2003 e há sinais de mais disposição do Banco Central para ampliá-la – mas, mesmo assim, algumas fundações ainda persistem na substituição gradual dos títulos públicos em carteira, à vista de uma redução das taxas de juros que, acreditam, virá no médio prazo.

Neste contexto, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) têm aparecido como fortes candidatos a receber parte dos recursos que começam a deixar os títulos públicos. A presença de suas cotas nas carteiras dos fundos de pensão ainda é ínfima – por vezes, inexistente –, mas a tendência parece ser, segundo gestores ouvidos pela Capital Aberto, uma evolução gradativa ao longo dos próximos anos.

Interessada em ampliar seus investimentos em FIDCs, a Fundação Cesp, quinto maior fundo de pensão do País, com R$ 9,5 bilhões de patrimônio investido, contratou uma consultoria para analisar os fundos disponíveis no mercado e identificar riscos e oportunidades. “Realizamos reuniões mensais para discutir o momento de entrada ”, afirma Martin Roberto Glogowsky, diretor de investimentos e de patrimônio da entidade. A Fundação Cesp já possui pequena parte de seus recursos – 0,6%, o equivalente a R$ 55,6 milhões – em outro tipo de ativo originado de operações de securitização, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

Não com a mesma intensidade, embora também de olho nas vantagens dos fundos de recebíveis, a fundação Real Grandeza colocou na agenda deste ano projetos de investimentos relacionados aos FIDCs, informou o diretor de investimentos, Jorge Luiz Monteiro de Freitas, através da sua assessoria de imprensa. “A entidade está engatinhando neste sentido, mas os FIDCs são uma opção promissora”, afirma.

Até mesmo a Centrus, que tem pouca liberdade para investir em FIDCs por conta de uma regulamentação do Supremo Tribunal Federal que obriga o enquadramento progressivo dos recursos do fundo em títulos do governo, considera atraente a nova possibilidade de investimento. De acordo com o diretor de aplicações da entidade, Ricardo Melo, em uma situação mais cômoda, na qual a margem para diversificação fosse maior, os FIDCs seriam avaliados.

Os FIDCs vêm se tornando atrativos porque há uma percepção geral de segurança na operação, representada pela segregação de risco e pela tutela de uma regulamentação aplicada às securitizações. Aliado a isso, na visão dos profissionais da área, os fundos de recebíveis normalmente oferecem boa relação de risco e retorno.

Para Ricardo Malavazi, diretor financeiro de investimentos da Petros, o risco de inadimplência é baixo e as garantias são atraentes. Uma delas são as cotas subordinadas, normalmente subscritas pelo originador dos recebíveis. Em caso de inadimplência, estas cotas absorvem primeiro os prejuízos, tendo as cotas seniores prioridade nos resgates. Em novembro do ano passado, a Petros tinha R$ 108 milhões investidos em FIDCs, o equivalente a 0,46% do patrimônio de R$ 23,3 bilhões.

Percentual de recursos investidos pela Petros em cotas de FIDCs duplicou em apenas três meses
Os riscos de identificação e avaliação das incertezas ainda impedem o investimento mais agressivo das fundações em FIDCs

Embora insignificante na carteira da instituição, o percentual representa quase o dobro do registrado três meses antes. A previsão de Malavazi é que esse percentual continue a crescer, tendo em vista a expectativa de uma taxa de juro real menor no médio e longo prazo.

RISCO EM OBSERVAÇÃO – Apesar das garantias e da relação risco/retorno atrativa, é preciso certo cuidado para aplicar nos FIDCs. Ao contrário dos títulos do Tesouro, que oferecem retorno certo, as cotas dos Fundos de Direitos Creditórios estão atreladas a algumas salvaguardas para apresentar boa performance, lembra Freitas, da Real Grandeza. Entre elas estão um bom administrador, créditos de qualidade e condições adequadas de resgate.

Os riscos de identificação e avaliação dessas incertezas são um dos motivos que ainda impedem uma participação mais agressiva dos fundos de pensão em cotas de FIDCs. Além disso, vale lembrar que tais operações, sempre complexas em suas estruturas, são recentes e, portanto, o mercado ainda está aprendendo como lidar com elas. “É necessária uma análise muito detalhada para escolha de um FIDC”, diz Glogowsky, da Fundação Cesp.

Apesar de os investimentos em FIDCs terem prosperado em meio às seguidas altas das taxas de juros, é fato que estas últimas impedem um crescimento mais forte dessas aplicações. O juro alto sempre instala uma concorrência desleal perante outros ativos, pois confere rentabilidade desproporcional ao risco dos títulos soberanos. Na visão de Glogowsky, contudo, a continuada alta dos juros, com perspectiva de se prolongar por mais alguns meses, não é motivo, ao menos por enquanto, para que os fundos de pensão abandonem a política de diversificação de carteiras. O que pode ocorrer, afirma, é um movimento mais lento de retirada dos títulos públicos, dado que o novo cenário passará a exigir um retorno maior dos ativos alternativos, como as cotas de FIDCs e os CRIs. Agora é esperar para ver se a política monetária dará mesmo espaço a investimentos de maior risco.


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