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Alfredo Setubal – Modelo vencedor
Os fundos de investimento hoje são um produto consolidado e com grandes perspectivas de sofisticação, diz Alfredo Setubal, vice-presidente executivo do Banco Itaú e presidente da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid). A internacionalização, o crescimento do patrimônio e a aceitação, pelos investidores, de produtos elaborados e com prazos mais longos são sinais da maturidade do mercado.

, Alfredo Setubal – Modelo vencedor, Capital AbertoC.A: Os fundos completaram 50 anos. Seu patrimônio atingiu o total de R$ 1 trilhão. A Anbid fez 40 anos e está firme no papel de estimular a auto-regulação do mercado. Qual o principal motivo para celebrar? 

A.S: Todos esses motivos são dignos de comemoração, pois representam a consolidação da indústria brasileira de fundos. O histórico é importante. Mostra que esse produto foi capaz de superar todas as crises que ocorreram nos últimos 50 anos, e não foram poucas. O patrimônio demonstra que os fundos são o instrumento mais importante na captação da poupança do brasileiro. E a auto-regulação é uma prova da maturidade da indústria. Além disso, é importante notar a crescente sofisticação desse mercado no Brasil.

Em que sentido?
Há poucos anos, devido às altas taxas de juros, 90% do patrimônio dos fundos estava aplicado em fundos de renda fixa e em fundos DI. Hoje, esse total é de pouco mais de 50%. Houve uma migração de recursos muito importante para produtos mais sofisticados, como os fundos de ações e os fundos multimercados, o que é saudável para a indústria. O investidor também está mais maduro, mais disposto a aplicar em fundos que não tenham liquidez diária em troca de uma perspectiva de maior rentabilidade.

Fala-se até que os fundos DI vão acabar.
De fato, a importância dessas carteiras diminuiu bastante e elas deverão continuar a perder espaço, à medida que os juros continuem caindo. Há poucos anos, o mercado vivia uma distorção. Os fundos DI e de renda fixa eram, ao mesmo tempo, os mais rentáveis e os mais seguros, pois investiam em títulos da dívida pública, que pagavam juros elevados. Hoje, os fundos de curto prazo e os fundos DI representam uma fatia de 20% do patrimônio total da indústria. Isso é natural: fundos como esses têm de atender às necessidades de gestão do caixa do investidor, não devem ser a sua principal alternativa de investimento.

Que mudanças o senhor espera no perfil da indústria?
A perspectiva provável é de um crescimento proporcionalmente mais rápido dos fundos que não fiquem apenas nos instrumentos clássicos de renda fixa e que também comprem títulos de renda variável e derivativos. Os fundos com garantia, que protegem o capital do investidor, também parecem ter boas perspectivas.

Os fundos de capital garantido existem no mercado há algum tempo, e nunca foram muito bem-sucedidos. Agora eles aparecem como uma nova aposta da indústria. O que mudou?
O mercado mudou, pois os juros estão mais baixos. O investidor também mudou, pois ele está percebendo que tem de abrir mão da liquidez e correr mais riscos se quiser ter um retorno melhor. Mesmo assim, o risco ainda assusta. Por isso esses fundos são uma boa alternativa para quem quer experimentar um investimento de risco, pois oferecem uma garantia contra prejuízos. Vai ser mais ou menos como ocorreu com o PIBB: o investidor pôde comprar uma cesta de ações com uma garantia temporária contra a volatilidade do mercado. Quando essa garantia acabou, uma parcela mínima resgatou suas aplicações. A grande maioria dos investidores manteve seu dinheiro no PIBB, pois havia se acostumado com as oscilações.

E outros fundos, como os imobiliários e os de recebíveis?
Serão instrumentos importantes para a captação de recursos, mas seu crescimento deverá ser mais lento que o de outras categorias, pois são produtos muito específicos. Tanto os fundos imobiliários quanto os fundos de recebíveis, sem esquecer os Fundos de Investimento em Participações (FIP), são mais adequados, em um primeiro momento, para investidores institucionais, como fundos de pensão, seguradoras e mesmo alguns clientes de private bank, que têm muitos recursos para aplicar e podem investir por prazos mais longos. Ainda vai levar algum tempo para que esses produtos cheguem ao varejo.

Alguns especialistas dizem que o crescimento dos fundos deverá ser mais lento daqui para a frente, pois eles serão, principalmente, um investimento para a classe média. O investidor com menos recursos vai buscar produtos mais simples, e o que tiver mais dinheiro vai procurar alternativas sofisticadas, sob medida. O senhor concorda?
Isso vai depender do interesse dos bancos em captar, seja por meio das cadernetas de poupança, seja por meio dos CDBs. Sem dúvida, os fundos caros, que cobram maiores taxas de administração e que oferecem um serviço mais sofisticado, vão continuar mais caros do que a poupança. Porém, apesar disso, esses fundos são mais flexíveis e poderão oferecer uma remuneração melhor que a da poupança.

Quais as perspectivas com a internacionalização? Como ela afeta a indústria?
As perspectivas são muito boas. Em termos macroeconômicos, a internacionalização dos fundos favorece o investimento no exterior e permite ao Brasil inserir-se na economia global. Do ponto de vista da indústria, vai permitir novas alternativas ao gestor, que poderá direcionar mais facilmente uma fatia do capital que administra para investimentos no exterior. Isso não era possível até o fim de março, quando foi publicada a Instrução 450 (instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que autoriza os gestores a aplicar parte dos recursos dos fundos no exterior). Com mais produtos à disposição, o gestor poderá atender melhor o cliente. Além disso, os gestores serão obrigados a entender como funciona o mercado internacional, o que vai garantir a competitividade da indústria no longo prazo. Quem ganha com tudo isso é o investidor.

De que forma ele ganha?
Hoje o investidor tem uma grande variedade de fundos à sua disposição, mas as alternativas de investimento são limitadas aos ativos brasileiros —– títulos de renda fixa e ações. A economia brasileira vem apresentando um bom desempenho. As ações têm subido, a inflação está sob controle e a economia cresce. Em um momento como este faz todo o sentido investir aqui. Não por acaso, há tanto capital entrando. Porém, a internacionalização vai permitir que os gestores procurem alternativas ainda melhores para seus clientes fora do Brasil.


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