O blockchain tem o potencial para trazer simplicidade e eficiência às operações financeiras por meio de novos processos e plataformas, mas não deve ser visto como a única solução capaz de estruturar a base tecnológica da nova geração de serviços financeiros. Esta é a principal conclusão do relatório “The future of financial infrastructure – An ambitious look at how blockchain can reshape financial services”, organizado pelo Fórum Econômico Mundial em conjunto com a Deloitte.
O tema blockchain integra a mais recente fase dos debates conduzidos pelo Fórum Econômico Mundial para o entendimento da evolução das tecnologias disruptivas e de seus impactos na indústria de serviços financeiros. O levantamento foi realizado durante 12 meses, entre 2015 e 2016, e envolveu mais de 200 líderes dessa indústria por meio de entrevistas e workshops com estudiosos do tema.
O estudo lembra que, nos últimos 50 anos, a indústria de serviços financeiros tem adotado novas tecnologias no seu dia a dia e que inovações que hoje parecem comuns — como os caixas eletrônicos, os cartões de crédito e os serviços eletrônicos — já foram consideradas de ponta. Seguindo essa tendência, o blockchain é visto como a próxima onda de inovação, principalmente porque tem características que possibilitam o desenvolvimento de novos modelos de negócios, em um ambiente seguro, de forma descentralizada, garantindo rastreabilidade das transações e autenticidade das partes envolvidas.
De acordo com o levantamento, de forma similar aos avanços do passado, o blockchain está se movendo para o palco principal do sistema financeiro, e vai transformar e questionar os fundamentos dos atuais modelos de negócios. “Na era do big data e da internet das coisas, é extremamente importante ser capaz de associar a assinatura digital para cada informação”, explica Paschoal Baptista, sócio da área da indústria de serviços financeiros da Deloitte.
Na prática, a tecnologia pode proporcionar o compartilhamento de informações, eliminando intermediários e tornando as operações mais ágeis. “Isso significa que bancos e outras instituições financeiras serão capazes de aumentar a velocidade com que as transações são feitas, diminuindo os custos e oferecendo serviços mais eficientes para todos. Por exemplo, enviar uma quantia para qualquer lugar do mundo será quase instantâneo”, diz Baptista.
O sistema financeiro está em um ponto único de inflexão, sob a posse de tecnologias que vão formar a base da infraestrutura da nova geração do sistema financeiro. Apesar disso, o relatório aponta alguns obstáculos à frente da implementação em larga escala do blockchain como, por exemplo, a regulação do serviço e a falta de padronização no uso da tecnologia.
Outras conclusões do relatório:
• Blockchain não é a única solução: Em vez disso, deve ser visto como uma das muitas tecnologias que formam a base da próxima geração de infraestrutura de serviços financeiros.
• Não há solução “tamanho único”: A aplicação de blockchain será diferente em cada caso, aproveitando-se a tecnologia de formas diferentes para uma variada gama de benefícios.
• Capacidades emergentes vão aprofundar o impacto do blockchain: Plataformas como Digital Identity1 e Digital Fiat2 vão ampliar os benefícios e a aplicação da tecnologia “Distributed ledger” (DLT) para novas indústrias.
• A colaboração tornará o progresso mais forte: O maior impacto do blockchain vai exigir profunda colaboração entre operadores tradicionais, inovadores e reguladores, o que deve agregar complexidade e atrasar o horizonte de implementação.
• Inovações em blockchain estão desafiando o status quo: Novas infraestruturas de serviços financeiros construídas sobre a tecnologia de “Distributed ledger” vão redesenhar processos e colocar em xeque práticas que são fundamentais para os modelos de negócios de hoje.
1 As plataformas Digital Identity referem-se a um sistema totalmente digital para armazenamento e transferência dos atributos de identidade que podem ser diretamente integrados à infraestruturas financeiras distribuídas.
2 As moedas Digital Fiat (moedas fiduciárias) são emitidas por bancos centrais e podem ser empregadas dentro da infraestrutura financeira distribuída, garantindo a disponibilidade de liquidez, mesmo em caso de instabilidade sistêmica.
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